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Trailer de Extermínio: O Templo dos Ossos: Fé, vírus e fanatismo

Se você achou que o mundo de Extermínio já tinha chegado no fundo do poço, 28 Years Later: The Bone Temple vem avisar: sempre dá pra cavar mais um pouco. E agora com Nia DaCosta na direção e Alex Garland de volta no teclado, a franquia zumbi-raivoso-e-traumatizado entra oficialmente na fase “religião maluca + colônia rural” — porque nada diz “futuro da humanidade” como um culto armado no meio do mato.

Do vírus da raiva à seita da fé torta

A trama de 28 Years Later: The Bone Temple se passa décadas depois da primeira explosão do vírus da raiva que deixou o Reino Unido parecendo Black Friday de shopping: gente gritando, correndo e sangrando pelos olhos. O que sobrou agora é uma zona de exclusão e uma comunidade rural tentando fingir que dá pra ter “vida normal” cercada por ruínas, silêncio e traumas que dariam material pra umas três temporadas de terapia.

A grande sacada? Os infectados não são mais o maior problema. O terror agora vem da inhumanidade dos sobreviventes, que resolveram transformar o medo em dogma, o desespero em liturgia e a violência em política pública. Resumindo: o ser humano sendo fiel ao seu jeitinho infernal.

Nia DaCosta assume o volante (e pisa no acelerador)

No comando, entra Nia DaCosta – de Candyman e Hedda – pegando o bastão de um universo que nasceu com Danny Boyle e foi reimaginado por Garland. Aqui ela dirige o segundo filme da nova trilogia 28 Years Later, enquanto o próprio Garland já está namorando outra desgraça épica: uma adaptação de Elden Ring para o cinema. O terceiro filme da trilogia, por enquanto, é tipo promessa de político em época de eleição: todo mundo fala dele, ninguém sabe exatamente quando vem, nem quem vai tocar.

Mas o recado é claro: The Bone Temple não é só mais um zumbi-movie genérico. É continuação direta desse novo ciclo, apostando em clima de paranoia, horror físico e fanatismo religioso que faria qualquer pastor televisivo parecer moderado.

Ralph Fiennes de jaleco, trauma e culpa

No elenco, a coisa fica ainda mais interessante (e esquisita):

  • Ralph Fiennes vive o Dr. Kelson, um sujeito que entra numa “relação chocante” com consequências que podem mudar o pouco de mundo que sobrou. Se tem Ralph Fiennes, pode apostar em personagem moralmente torto, olhar de “já vi coisa demais” e monólogo perturbador às 3h da manhã num porão úmido.

  • Alfie Williams é Spike, o garoto que cruza o caminho de Jimmy Crystal, vivido por Jack O’Connell (Sinners), e descobre na prática que pesadelo bom é o com monstro. Pior é quando o monstro é gente.

  • Erin Kellyman e Chi Lewis-Parry completam o time, ajudando a povoar esse cenário em que cada sobrevivente parece um spin-off ambulante de trauma, fé distorcida e paranoia.

A sinopse oficial avisa: no mundo de The Bone Temple, os infectados já não são a maior ameaça. O que realmente mete medo é o que os vivos fazem quando ninguém mais está olhando. Ou seja, sim, estamos diante de mais um filme de terror em que o grande vilão é… a espécie humana. Parabéns pra gente.

Medo como religião oficial do apocalipse

O slogan da campanha poderia ser tranquilamente: “Fear Is The New Faith”. O medo virou doutrina. O templo de ossos do título não é só cenário macabro: é metáfora de um mundo que decidiu se organizar em torno do pânico. Nada de ciência, nada de reconstrução, nada de aprendizado. O que sobra é culto, violência ritualizada e gente usando “vontade de Deus” como desculpa pra ser cruel.

Alex Garland sempre curtiu brincar com fanatismo, culpa e fim de mundo, e aqui a coisa parece caminhar por uma mistura de:

  • paranoia de Extermínio

  • desespero espiritual de Aniquilação

  • e aquela sensação clássica de que, se depender do ser humano, a humanidade não dura mais duas décadas.

Datas de lançamento de Extermínio: Templo dos Ossos

28 Years Later: The Bone Temple chega aos cinemas:

  • 14 de janeiro no Reino Unido

  • 16 de janeiro nos EUA

  • E o Brasil? 15 de janeiro.

Vale ficar de olho?

Sim, e com uma certa ansiedade gostosa (e um pouco doentia):

  • Nia DaCosta finalmente num blockbuster de terror onde pode sujar as mãos sem pedido de desculpa da Disney depois.

  • Alex Garland revisitando o universo que ajudou a definir o terror dos anos 2000, agora com mais cinismo e menos esperança.

  • Ralph Fiennes em modo “homem quebrado em mundo quebrado”, que é basicamente o sweet spot da carreira dele desde A Lista de Schindler.

Se 28 Days Later mostrou o colapso, 28 Years Later: The Bone Temple promete mostrar o que acontece quando a espécie humana tem tempo demais pra transformar trauma em seita. O vírus foi só o começo. O verdadeiro horror, como sempre, entrou pela porta da frente, de Bíblia na mão e olhar fervoroso.

poster exterminio: templo dos ossos