Vale a pena desconhecidos

Willa Fitzgerald engana o diabo (e talvez o público) em Desconhecidos

Willa Fitzgerald foge de um serial killer em Desconhecidos, thriller estilizado que mistura Tarantino com caos narrativo. Vale a pena? A gente conta aqui.

Sobre o que é Desconhecidos?

Se você ainda não ouviu falar de Desconhecidos (Strange Darling), se prepare para uma montanha-russa fora dos trilhos, roteirizada por alguém que claramente fez um pacto com o caos narrativo. A trama segue A Dama (Willa Fitzgerald), uma mulher em fuga de um serial killer chamado apenas de O Demônio (Kyle Gallner), numa espécie de Pulp Fiction com crise de identidade. A cereja podre no bolo? Tudo isso rola numa narrativa embaralhada, com capítulos fora de ordem e reviravoltas que fazem o espectador se perguntar: “isso é genial ou só pretensioso mesmo?”

É tipo se Kill Bill tivesse sido escrito num retiro espiritual de redpillados com sinal fraco de Wi-Fi.


Para quem é?

Se você curte suspense psicológico com vibe anos 70, diálogos afiados e um climão de “isso vai dar muito errado” em 35mm glorioso, vá em frente. Mas se você não curte roteiros que tentam te enganar mais do que ex mandando “oi, sumido”, melhor passar longe.


Quem está no elenco?

Willa Fitzgerald está brilhante — mesmo presa num roteiro que trata sua personagem como um experimento sociológico escrito num grupo do Reddit. Ela entrega intensidade, camadas e um olhar que diz “eu merecia coisa melhor”. Kyle Gallner tá ótimo como o serial killer mais cheirado da temporada. E ainda tem Ed Begley Jr. e Barbara Hershey como hippies aposentados, numa participação que parece saída de um comercial do INSS psicodélico.

Ah, e quem fotografa tudo isso é Giovanni Ribisi, sim, aquele de Avatar. Agora cineasta indie com câmera de verdade e zero medo de botar uma legenda “filmado em 35mm” como se isso fosse um Oscar automático.


Vale a pena assistir?

Olha… Desconhecidos é como aquele amigo que tem uma ótima câmera, mas zero noção de roteiro. É bonito, estiloso, ousado — e no fim, não diz nada com nada. Quer parecer feminista, mas tropeça feio no machismo involuntário. Quer ser Tarantino, mas esquece de ser Tarantino com propósito. Ainda assim, dá pra se divertir? Sim. Principalmente se você curte filmes que “parecem profundos” e deixam todo mundo no grupo do WhatsApp dizendo: “o que você achou daquele final, hein?”

Se o seu negócio é thriller estiloso, com pegada indie e um bom jogo de gato e rato — Strange Darling pode valer a noite. Só não vá esperando sair com respostas. Ou coerência.

https://www.youtube.com/watch?v=YC9J-0VNAIk