O que é “pssica”? Spoiler: não é só azar
Se você deu play na nova produção brasileira da Netflix, Pssica, e ficou pensando “que raios significa isso?”, a gente te explica: pssica é uma gíria regional do Pará que significa maldição, azar, urucubaca, encosto, carma pesado, aquele olho gordo básico que gruda e não larga mais. Sim, é forte. E na série, é ainda mais.
Na boca do povo paraense, frases como “isso é uma pssica” ou “tô com uma pssica danada” são ditas quando a maré de azar bate e parece que não tem banho de sal grosso que resolva. E esse é justamente o espírito que assombra os personagens da minissérie.
A pssica da vez: a maldição que molda destinos
Na série dirigida por Jorane Castro e baseada no livro homônimo de Edyr Augusto, o termo ganha contornos ainda mais sombrios. Aqui, a pssica não é só uma gíria — é quase uma entidade. Um peso invisível que assombra, persegue e molda o destino de cada personagem.
E não estamos falando de maldição no estilo “bruxa da floresta sombria”. A pssica em questão é mais real, mais social, mais brutal. Está nas violências urbanas de Belém, no tráfico de pessoas, na exploração sexual de menores, na miséria camuflada de misticismo. A série escancara como o azar não nasce do sobrenatural, mas de estruturas muito humanas.
Uma produção brasileira de tirar o fôlego — e o chão
Lançada em 20 de agosto de 2025, Pssica já está dando o que falar. Ambientada em Belém do Pará, a série mergulha de cabeça em um Brasil que raramente ganha espaço nas telonas: o Brasil ribeirinho, marginalizado, místico e perigosamente real.
Com uma fotografia que hipnotiza e uma trilha sonora que arrepia, a série se apropria da linguagem local com autenticidade. As atuações de Domithila Cattete (Janalice), Lucas Galvino (Preá), Bruno Goya (Pedro) e Marleyda Soto (Mariangel) são intensas e cruas, como pede o roteiro. Cada episódio é um mergulho mais fundo nesse rio turvo chamado Brasil.
Pssica é mais do que uma série — é um soco cultural
Além do mistério, do drama e das histórias entrelaçadas por violência e desejo de vingança, Pssica se destaca por ser profundamente enraizada na cultura amazônica, com direito a rituais, lendas e o tipo de misticismo que não cabe em caixinhas fáceis.
E é aí que o título faz todo o sentido: a pssica é uma metáfora para os ciclos de dor que se repetem entre gerações. É a carga invisível que personagens carregam — e que, muitas vezes, o espectador também sente.
Por que você deveria assistir Pssica?
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✅ Porque é uma das melhores produções brasileiras da Netflix em 2025
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✅ Porque apresenta um retrato visceral do Norte do Brasil, sem estereótipos
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✅ Porque traz uma história potente, com personagens complexos e situações reais
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✅ Porque “pssica” pode até ser sinônimo de azar, mas a série é um verdadeiro acerto
Curiosidade: Edyr Augusto e a literatura como denúncia
O livro original foi escrito por Edyr Augusto, autor paraense conhecido por misturar noir, violência e crítica social. Em suas histórias, ninguém está a salvo. Todos carregam sua própria pssica — e nem sempre há redenção.
A adaptação para a Netflix mantém esse clima literário, denso, carregado, e o transforma em uma narrativa visual impactante. A direção de Jorane Castro valoriza a ambiência e o ritmo da história, sem perder o aspecto documental da obra original.
Azar para os personagens, sorte para o público
Pssica é uma série que vai muito além do título estranho. É um retrato corajoso, poético e cruel de um Brasil profundo. Um Brasil que não se resume a cartões-postais, mas que pulsa, resiste e sofre.
Se você procura uma produção nacional que foge do óbvio, com atuação forte, roteiro ousado e identidade cultural marcante, coloque Pssica na sua lista. Só não garanto que você vai sair ileso.

