Nova Carrie quer te traumatizar de vez
51 anos depois de publicar Carrie, Stephen King ainda não tem paz e você também não vai ter. Em 2026, o baile de formatura mais traumático da cultura pop volta, agora em formato de minissérie do Prime Video, escrita e dirigida por Mike Flanagan, o homem que olha pra um livro de terror e pensa: “legal, mas e se eu deixasse isso emocionalmente insuportável?”.
A propaganda oficial é bonita: adaptação “pura” do romance de 1974, formato em episódios, mais tempo pra explorar bullying, fanatismo religioso e banho de sangue. A tradução prática é: se De Palma te assustou em 1976, se prepara pra versão estendida com terapia e close na humilhação adolescente.
O que é essa nova Carrie do Flanagan?
Vamos ao pacote:
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Plataforma: Prime Video
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Formato: minissérie de terror, previsão de estreia em 2026
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Crédito do crime:
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Criação, roteiro e direção de Mike Flanagan, o mesmo de
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Jogo Perigoso (Gerald’s Game)
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Doutor Sono (Doctor Sleep)
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A Maldição da Residência Hill (The Haunting of Hill House)
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Missa da Meia-Noite (Midnight Mass)
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A Queda da Casa de Usher (The Fall of the House of Usher)
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Elenco:
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Summer H. Howell como Carrie White
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Matthew Lillard como o diretor Grayle (nova versão do diretor da escola)
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Samantha Sloyan, Amber Midthunder, Siena Agudong e mais rostos que Flanagan gosta de repetir em tudo que faz.
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Não é filme, não é remake rápido pra encher catálogo. É o primeiro projeto do Flanagan pós-Netflix na Amazon, com oito episódios prometidos – ou seja, tempo demais pra coisa ficar “de boa”.
Por que já estão vendendo como “a Carrie mais assustadora de todas”?
Porque o currículo do indivíduo não inspira exatamente serenidade.
O Flanagan:
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fez você chorar de trauma familiar em A Maldição da Residência Hill enquanto um fantasma pendurado aparecia no corredor;
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te obrigou a encarar culpa religiosa e alcoolismo em Missa da Meia-Noite, com direito a final devastador que parecia retiro espiritual no inferno;
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transformou Poe em novela corporativa ultraviolenta em A Queda da Casa de Usher;
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e ainda conseguiu fazer Doutor Sono funcionar como sequência digna de O Iluminado – algo que parecia juridicamente impossível.
Se tem uma coisa que ele sabe fazer é:
juntar susto, monólogo de cinco minutos sobre trauma e um final que te deixa encarando a parede em silêncio.
Agora pega essa energia e joga em Carrie – A Estranha, que já era uma história de bullying extremo, abuso materno, humilhação pública e massacre. E ainda com a seguinte promessa: mais fiel ao livro do que o filme do De Palma.
Parabéns, é isso que a gente chama de “escolha consciente por sofrimento”.
Matthew Lillard e o hype nível “pura adaptação do livro”
Pra aumentar o fogo, quem resolveu jogar gasolina foi Matthew Lillard – sim, o Stu de Pânico e o cara que agora vive em terror nostálgico. Ele está no elenco da série como o diretor Grayle e já andou abrindo a boca por aí:
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chamou a série de “brilhante”;
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disse que é “uma adaptação pura do livro, mais do que o filme original foi”;
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comentou que a história é dividida em três blocos, com perspectivas de alunos, professores e pais.
Ou seja, não é só refilmar o baile com estética 4K e pronto. A ideia é usar o formato de minissérie pra respeitar a pegada epistolar do romance do King – aquele esquema de recortes de jornais, relatórios, depoimentos – e realmente mergulhar na cidade, na escola, na família e no fanatismo que esmagam a Carrie antes dela esmagar todo mundo de volta.
De Palma, em 1976, fez um clássico absoluto… cortando metade do contexto porque tinha 90 minutos e nenhum streaming pra liberar episódio de 70 minutos com adolescente chorando. Já o Flanagan? Vai poder fazer o episódio inteiro ser uma humilhação constante no corredor do colégio, com trilha triste ao fundo e jumpscare na porta do armário.
Comparando com as versões antigas: é golpe baixo, sim
Vamos alinhar:
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Sissy Spacek brilhando, visual icônico, final que grudou na cultura pop pra sempre.
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Mas muito do material do livro foi limado, a cidade não ganha tanta profundidade, a estrutura documental some. Ainda assim, é um clássico intocável.
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2013 – remake com Chloë Grace Moretz:
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tentativa de atualizar pro bullying digital, redes sociais etc.
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resultado: versão “limpa”, menos suja e menos cruel, criticada justamente por “sanitizar” a brutalidade da história.
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2026 – Flanagan no Prime Video:
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mais tempo, mais fidelidade ao texto original;
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elenco de terror experiente;
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showrunner especializado em transformar trauma em entretenimento premium;
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aval do próprio Matthew Lillard dizendo que o único defeito é “ter que esperar um ano pra ver”.
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É claro que o marketing vai vender como “a versão mais assustadora de todas”. E, honestamente? Com Flanagan no comando, é bem possível que seja. Não porque vai ter mais sangue que De Palma, mas porque ele adora te fazer se apegar a todo mundo antes de destruir a vida de cada personagem em câmera lenta.
Por que essa Carrie tem cara de ser o grande terror de 2026
Junta os fatores:
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Stephen King em alta eterna, com adaptação nova a cada seis meses;
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Flanagan saindo da Netflix direto pra um projeto autoral grande no Prime Video, com liberdade de formato;
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uma história que continua absurdamente atual (bullying, religião tóxica, massacre em escola);
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promessa de “pure adaptation” do romance, usando o tempo de minissérie pra explorar cada canto da cidade e cada gente escrota que empurra Carrie pro limite.
Se tudo der certo, Carrie 2026 tem tudo pra ser:
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a melhor adaptação de King em anos,
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a série de terror que vai acabar em “lista de melhores do ano”,
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e a desculpa perfeita pra você nunca mais olhar pra um baile de formatura sem pensar em sprinklers de sangue de porco.
Se der errado, a gente finge que foi só um experimento do Prime Video, volta pro De Palma, apaga a conta e segue a vida.
Mas, pelo histórico do Flanagan, a aposta mais segura é outra: você vai maratonar, elogiar a direção, chorar pela Carrie… e depois reclamar na internet que “uma série de terror não precisava ser tão emocional assim”.

