Acabou de chegar aos cinemas brasileiros o filme Homem com H, cinebiografia que retrata a história do incrível artista Ney Matogrosso.
Primeiro é importante dizer que sou muito fã dele. Isso fez, portanto, com que as minhas expectativas sobre o filme estivessem muito elevadas. E já de cara posso afirmar: elas foram muito mais do que atendidas.
O diretor do filme, Esmir Filho, enviou um total de doze roteiros ao longo da sua criação ao próprio Ney, para que ele pudesse compreender melhor como a sua história seria transmitida para o cinema. Interessante é notar que, ao fazer isso, o diretor quis trazer mais verossimilhança com a vida do artista e Ney quis fazê-lo de modo que pudesse contar a sua verdade, já que muitas mentiras foram fabricadas ao longo de sua carreira.
O enredo parte da infância de Ney em Bela Vista, Matogrosso, na presença de um pai militar, rígido e, por vezes, violento, e de sua carinhosa e delicada mãe. A partir daí, Ney passa um breve período de sua juventude na Aeronáutica e inicia sua verdadeira vocação na vida artística, sua voz e presença de palco singulares. O filme retrata o início e fim do grupo que o trouxe ao estrelato musical, Secos e Molhados, até sua brilhante e bem-sucedida carreira solo.
Dito, isso, quanto aos aspectos é importante também dizer que são primorosos. Um destaque fundamental aqui são as atuações, em especial ao impressionante e fiel retrato do artista pelo ator Jesuíta Barbosa, que o internalizou em trejeitos, olhares e linguagem. É lindo ver alguém retratar de forma tão verdadeira um ídolo e que possui toda sua humanidade escancarada para quem quiser ver.
Algumas presenças são muitíssimo importantes durante o longa, tais como a de alguns dos amores de Ney, como o cantor Cazuza (Jullio Reis) e do ex-marido, Marco de Maria (Bruno Montaleone), ambos mortos pela AIDS. Além disso, temos participações especiais, tais como a cantora Céu, que representa a atriz e cantora e grande inspiração de Ney, Elvira Pagã, e a jornalista e apresentadora Sarah Oliveira.
A fotografia é linda, assim como a trilha sonora, que inclui momentos de dublagem e canto do ator Jesuíta.
A última cena do filme é um espetáculo à parte e me fez sair da sala de cinema, assim como muitos, às lágrimas, tamanha a sensibilidade e emoção.
O filme é um deleite para os fãs, mas não apenas para eles. Aqueles que conhecem apenas o artista Ney Matogrosso, passam a conhecer Ney de Souza Pereira, de forma mais íntima, ‘nua e crua’. Se trata não apenas de uma excelente obra cinematográfica nacional, mas também uma homenagem em vida a esse homem, hoje octogenário, e que transformou o cenário musical brasileiro com suas performances e danças magnéticas, vivacidade e alegria.

