screamboat review

Review ScreamBoat: tosco, barulhento e impossível de desver

Imagine que você caiu num túnel do tempo e acordou num pesadelo onde Mickey Mouse é um serial killer do Staten Island Ferry. Agora adicione CGI barato, litros de sangue e um elenco que parece saído direto de um musical falido da Broadway. Parabéns! Você está em Screamboat, o primeiro slasher oficial da Era do Domínio Público — e, estranhamente, o melhor Steamboat Willie homicida até agora (num mar onde os outros filmes são The Mouse Trap e I Heart Willie, o sarrafo está enterrado no porão).

Dirigido por Steven LaMorte — o mesmo cidadão que achou uma boa ideia transformar o Grinch num serial killer em The Mean OneScreamboat é mais autoconsciente do que aparenta. Ao lado de David Howard Thornton (o Art the Clown de Terrifier, agora mais para mascote psicótico da Times Square), eles criam uma ópera trash recheada de piadas internas sobre a Disney, mutilações criativas e um senso de humor tão infantil quanto o público-alvo de Encantada. Só que aqui, a princesa perde a cabeça. Literalmente.

Thornton interpreta o “Willie” do título como se fosse um rato radioativo rejeitado do Cats do Tom Hooper. Pequeno, deformado, às vezes um boneco, às vezes um figurante com meia-calça preta e zíper nas costas, ele se move pelo ferry matando passageiros com arames, garfos, harpoons e o tipo de prazer sádico que faria o Jason pedir um tempo. Sua expressão muda entre o psicopata cartunesco e o funcionário da Disney que foi demitido do Epcot por cheirar cola no vestiário.

O visual é… como dizer? Imagina um episódio de Chaves refeito com deepfakes e renderizado num Nintendo Wii. Os cenários são tão falsos que parecem ter sido comprados em pacote no Blender Market. Mas ninguém veio por realismo: o que importa é o sangue espirrando como um balde de tinta jogado contra o fundo verde.

O elenco é um show à parte. Temos princesas bêbadas saídas do Instagram, influenciadores vestidos de Ariel e Jasmine que gritam “Ahegao” antes de serem decepadas, e até Tyler Posey, de Teen Wolf, pagando boleto em modo figurante que topou qualquer coisa. A final girl, Selena (Allison Pittell), é uma bartender estilosa que sonha em largar Nova York para voltar pra Minnesota — até que um rato assassino muda seus planos. Ela entrega o básico do básico, mas sobrevive, o que nesse universo já é um Oscar.

Screamboat funciona? Depende do seu parâmetro. Se você quer ver um filme bem feito, com roteiro coeso e sustos genuínos, fuja como se o Pluto tivesse uma faca. Mas se você cresceu assistindo Terrifier, ri de piadas com trocadilho de copyright e sonha em ver o Mickey arrancando genitais com uma furadeira, Screamboat pode ser o seu parque de diversões.

O filme sabe que é uma bagunça. E abraça isso com gosto. Ele é como aquele amigo que aparece de Crocs no seu casamento, mas traz o melhor presente. Você não esperava nada — e ainda assim saiu rindo.

Nota final?
Não é bom. Mas é um clássico instantâneo para sessões de meia-noite, regadas a cerveja quente, comentários sarcásticos e zero expectativa. Porque no fim das contas, o que é Screamboat, senão um slasher com orelhas de rato tentando gritar mais alto que os advogados da Disney?