O CINEMA DE BUTECO ADVERTE: A review de Tremembé possui spoilers e deverá ser apreciada com moderação.
O CONSUMO POR CONTEÚDO TRUE CRIME AUMENTA ANUALMENTE. Como maiores beneficiados, é natural que os serviços de streaming comecem a apostar em produções nacionais para contar a história de pessoas que o público “conhece”. Dependendo do ponto de vista, isso pode ser tanto bom quanto ruim.
O brasileiro consome muita série, documentários ou filmes true crime que acontecem fora do país. Quando a obra retrata casos de assassinatos que acompanhamos nos noticiários, bem, a sensação é diferente. Bate aquele sentimento de revolta (“não vou dar dinheiro ou ibope para assassino”), aquele sentimento ruim de relembrar um crime bárbaro e também, na maioria das vezes, apenas um moralismo barato de não querer ver criminosos ganhando atenção.
Tremembé, série de cinco episódios que estreou no Prime Video, vai dividir opiniões. E seu maior problema não está no elenco ou na narrativa, mas na forma como vai precisar lidar com as expectativas da audiência. Com uma dose de humor e erotismo cafona (influência do sucesso da novela Beleza Fatal?), a série cria situações desconfortáveis quando começamos a nos divertir (e torcer) por assassinos.
Existe uma romantização excessiva da vida dos protagonistas e isso compromete a experiência. Tremembé não consegue desviar da humanização dessas pessoas, embora tente reforçar que se tratam de psicopatas. A entrevista de Elize Matsunaga é um exemplo perfeito do choque de realidades entre o mundo da prisão e o exterior. No entanto, não parece ser o objetivo da série. E está tudo bem.
Apesar de tropeçar na linha tênue entre romantizar e humanizar esses monstros (e aqui vale destacar uma passagem que mostra uma saidinha dos protagonistas ao som de “Monsters”, de Ruelle), a série diverte bastante. Cada introdução apresenta uma releitura dos crimes de Suzane Von Richthofen e irmãos Cravinho, Alexandre Nardoni e Carolina Jatobá, Elize Matsunaga, Roger Abdelmassih e Sandra “Sandrão” Regina Gomes. Aliás, a abertura dos episódios é o único momento “sério”. De resto, é uma putaria só, com muita pegação e um senso de humor ambíguo e delicioso.
Destaque para as atuações de Marina Ruy Barbosa, que faz uma releitura ainda mais manipuladora da Menina que Matou os Pais. A sua versão de Suzane é mais assustadora que a de Carla Diaz. Bianca Comparato também se destaca como Jatobá. É a personagem que deixa mais dúvidas na mente do espectador — ainda que fique bem claro que ela não nasceu para ser mãe, já que é desprovida de paciência ou capacidade de lidar com crianças. Quem realmente chama a atenção e surpreende é Letícia Rodrigues. Na pele de Sandrão, Letícia é presenteia o espectador com um show de carisma e humor.
Tremembé funciona bem dentro da sua proposta e talvez seja o melhor produto true crime brasileiro dos últimos anos. Lembrando os bons tempos de Oz: A Vida é uma Prisão, é uma opção imperdível para quem gosta do sub-gênero. Recomendo.
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PS: Dá um pouco de medinho criticar e falar mal desses criminosos.

