E aí, true crime junkies! Se você achava que 2025 seria o ano das sequels americanas, pensou errado. O Brasil, em sua glória caótica e bizarra, dominou o streaming com histórias reais que misturam tragédia, podridão social e a dose certa de humor ácido para o choque ser completo.
O ano foi do Crime Nacional. As plataformas abriram os cofres para explorar casos que já conhecemos pelos jornais e podcasts, mas que, na tela, ganharam uma urgência (e uma polêmica) nunca antes vistas. De uma condessa esquecida em um sobrado paulistano ao poder do Jogo do Bicho, a verdade é que o horror mais aterrorizante é aquele que você encontra a duas horas da sua casa.
Esta é a nossa lista das 5 séries brasileiras de crime que fizeram 2025 ser o ano da nossa desgraça nacional no streaming.
5. Os Donos do Jogo (Netflix)
| Gênero | Tema | Por Que Está na Lista |
| Ficção Criminal | O Poder do Jogo do Bicho | A ficção que mergulhou na ilegalidade mais enraizada do país. |
Abrindo a lista, temos a ficção que prova que a criminalidade brasileira tem raízes mais profundas que qualquer facção de Los Angeles. Os Donos do Jogo (inspirada no Jogo do Bicho) não é true crime em seu sentido literal, mas uma série que destrincha a rede de poder, corrupção e política que historicamente se alimenta do nosso vício nacional em apostas.
A série funciona como um thriller de máfia, mas com tempero carioca e a ironia de que o “negócio” é bancado por um bicho fofo e aleatório. É um olhar brutal sobre como o crime organizado se infiltra em todas as esferas, nos lembrando que o nosso Underworld é regulado por tabelas e sorteios secretos.
4. Ângela Diniz: Assassinada e Condenada (HBO)
| Gênero | Tema | Por Que Está na Lista |
| Minissérie Histórica | Feminicídio e Julgamento Midiático | Baseada no podcast Praia dos Ossos, é a tragédia que vira debate de gênero. |
Essa minissérie é a prova de que um bom podcast pode virar um drama de prestígio e que algumas histórias precisam ser contadas em diversas mídias até a lição ser aprendida. Ângela Diniz: Assassinada e Condenada revisitou o infame caso da socialite mineira assassinada pelo seu namorado, Doca Street, em 1976.
Mas o foco não é apenas o crime, mas sim o julgamento midiático que transformou a vítima em ré. Ângela foi duplamente morta: pelo tiro e pela defesa machista que a condenou por seu estilo de vida. A série da HBO trouxe de volta o debate sobre feminicídio e a forma como a sociedade sempre condena a mulher que se recusa a ser submissa. É drama pesado, mas essencial para entender o Brasil de hoje.
3. Tremembé (Prime Video)
| Gênero | Tema | Por Que Está na Lista |
| True Crime Satírico | A Prisão dos Casos Notórios | A série que ousou satirizar a vida dos condenados mais famosos do país. |
Ninguém esperava que o Prime Video entregaria o true crime mais polêmico e ácido do ano. Tremembé mergulhou no universo da prisão que abriga os assassinos mais notórios do país (“a prisão dos famosos”). E, em vez de ser um documentário sério, veio como uma sátira trash e cafona, com toques de humor e erotismo.
A série causou revolta (por “romantizar” criminosos), mas é inegável que ela cumpre sua proposta de entretenimento chocante. Destacando releituras de Suzane von Richthofen, Alexandre Nardoni e Elize Matsunaga, Tremembé é o espelho distorcido da nossa obsessão por espetacularizar a desgraça alheia. Marina Ruy Barbosa como a versão manipuladora de Suzane merece o seu ódio.
2. Caso Eloá: Refém ao Vivo (Netflix)
| Gênero | Tema | Por Que Está na Lista |
| Documentário True Crime | O Sequestro Transmitido | A tragédia que revelou o lado doentio da mídia e do voyeurismo nacional. |
OK. Não é uma série true crime, mas ainda assim é imperdível para quem gosta do subgênero. Tomamos a liberdade de incluir aqui porque vale a indicação.
Em 2007, o sequestro de Eloá Cristina virou um circo midiático transmitido ao vivo para todo o Brasil. Esse documentário da Netflix revisitou um dos momentos mais sombrios da nossa história recente, onde a linha entre jornalismo e espetáculo foi totalmente obliterada.
Caso Eloá: Refém ao Vivo não é apenas sobre o crime, mas sobre a cumplicidade da mídia e da polícia em um desfecho que poderia ter sido evitado. É um soco no estômago, um lembrete de como o voyeurismo se tornou uma doença nacional e como a cobertura sensacionalista transformou uma tragédia em um reality show bizarro. Um olhar frio e necessário para entender a cultura do click e do like de hoje.
1. A Mulher da Casa Abandonada (Prime Video)
| Gênero | Tema | Por Que Está na Lista |
| Docu-Série/Investigação | Escravidão e Elitismo em SP | O caso que parou o país, misturando escravidão contemporânea e a hipocrisia da elite. |
O fenômeno cultural de 2025 que transcendeu o streaming e invadiu as ruas. A Mulher da Casa Abandonada (baseado no caso Margarida Bonetti) não foi só uma docu-série; foi uma investigação expandida que levou o público a questionar a fachada de casarões em bairros nobres e a podridão que eles escondem.
A história da mulher que viveu escondida em um sobrado em São Paulo, foragida após acusações de escravizar uma empregada doméstica nos EUA, tocou em feridas abertas: o racismo estrutural, a escravidão contemporânea e a impunidade da elite. A série transformou uma fofoca bizarra de vizinhança em um profundo debate social e provou que, no Brasil, o verdadeiro terror está sempre na casa ao lado.
