ESTREIA o elixir

Estreia: Conheça o novo filme de zumbis que acabou de chegar na Netflix

Imagine misturar Succession, The Walking Dead e um pote de ervas mágicas com data de validade vencida. Isso é O Elixir, novo filme de terror indonésio que chegou à Netflix pouco antes do Halloween — e chegou chegando, com zumbi dançando em câmera lenta, briga de família e vísceras voando em câmera frenética. É como se Kimo Stamboel tivesse dito: “por que escolher um tom só quando posso usar todos?”


A premissa: herança, rejuvenescimento e o apocalipse zumbi que começa no quintal

Tudo começa com uma empresa familiar de suplementos naturais prestes a falir. O patriarca decide testar uma fórmula revolucionária de rejuvenescimento. Funciona. Ele rejuvenesce. Mas aí vem o plot twist: a juventude eterna tem um leve efeito colateral chamado morte reversa com fome de carne humana.

A casa vira uma panela de pressão emocional: a filha odeia a nova madrasta (ex-melhor amiga), o genro é um banana, o filho é um mané e a madrasta (Eva Celia) é um espetáculo de tensão e carisma. Em pouco tempo, a briga pela herança vira luta pela sobrevivência — e a horda de zumbis começa ali mesmo, entre a sala de estar e a cozinha.


‍♀️ Os zumbis são esquisitos — e isso é um elogio

Kimo Stamboel não está interessado em zumbis genéricos que só gritam e babam. Aqui eles sorriem, gemem de prazer mórbido e se movem como marionetes em transe. Em certos momentos, parecem mais possuídos do que mortos-vivos. A estética é grotesca, mas hipnotizante — como se o apocalipse fosse dirigido por um coreógrafo em crise existencial.

O uso de drones, planos em movimento e POVs absurdos (tem uma cena do ponto de vista de um zumbi sem pernas rastejando!) dá ao filme um ritmo alucinante, que parece saído direto de um pesadelo dirigido por um gamer apaixonado por Resident Evil e Bela Adormecida ao mesmo tempo.


Onde o filme tropeça?

No excesso. Com quase duas horas de duração, O Elixir tenta entregar drama familiar, comentário social, crítica ao capitalismo farmacêutico e caos zumbi ensanguentado. Só que nem sempre dá tempo de digerir tudo isso antes da próxima decapitação.

O filme flerta com temas relevantes — vaidade, desigualdade, relações de poder — mas só flerta. No fim das contas, a narrativa escolhe o caminho mais óbvio: cada personagem segue um arco previsível, e o subtexto vira pano de fundo para mais uma sequência de perseguição.


Elenco: entre o melodrama e a carnificina

Eva Celia e Mikha Tambayong seguram bem o rojão — entre tapas verbais, olhares cortantes e machadadas literais. O elenco todo parece entender que está numa mistura de novela da tarde com A Noite dos Mortos-Vivos, e isso é ótimo. O resultado é um filme que leva a si mesmo a sério o suficiente para nos envolver, mas não tanto a ponto de perder a mão na diversão.


Veredito: O Elixir é um zumbi que corre, tropeça e levanta dançando

É um filme cheio de picos e vales: quando funciona, funciona lindamente — com violência criativa, fotografia estilosa e um senso de loucura controlada. Quando empaca, arrasta personagens por caminhos previsíveis e pausas emocionais desnecessárias. Mas no saldo final, O Elixir é um daqueles filmes que você termina dizendo: “que bagunça maravilhosa”.


Nota: 3,5/5
Sangrento, caótico, divertido e com um quê de telenovela sobrenatural. Não reinventa o zumbi, mas dá um bom upgrade indonésio na fórmula.