Quer saber o que acontece no final de Monstro: A História de Ed Gein?
A 3ª temporada da antologia de Ryan Murphy e Ian Brennan foca no serial killer Ed Gein, suas alucinações, a relação tóxica com a mãe Augusta e como sua história contaminou décadas de cultura pop. No desfecho, a série troca o “quem matou?” por um “quem nos fez consumir isso?” — e a resposta não é exatamente reconfortante.
Sinopse da obra
No Wisconsin dos anos 1950, Ed Gein (Charlie Hunnam) vive dominado pelo puritanismo agressivo de Augusta (Laurie Metcalf).
Entre luto, isolamento e delírios, ele pratica profanação de túmulos e homicídios. A trama mistura fatos com recriações meta de filmes e cineastas que ecoaram seus crimes: Hitchcock e Psycho, Tobe Hooper e O Massacre da Serra Elétrica, Jonathan Demme e O Silêncio dos Inocentes.
Há ainda Adeline, figura ambígua que transita entre cúmplice, musa e possível projeção. Preso e considerado insano, Ed recebe diagnóstico de esquizofrenia e termina institucionalizado — mas a “lenda” só cresce.
Final explicado Monstro: A História de Ed Gein: como acaba?
Vamos lá.
-
“Ed, o consultor do FBI” (na cabeça dele): No episódio final, Ed alucina que ajuda agentes a prender Ted Bundy, decifrando padrões e ferramentas (como o tipo de serra). É uma fantasia heroica: um monstro imaginando-se útil contra um “mal puro”.
-
O corredor dos monstros: Em delírio, Ed “desfila” por um corredor repleto de assassinos célebres (até Manson), recebendo aplausos mórbidos — a série reforça o tema: celebrização do horror.
-
A frase que fecha tudo: À beira da morte (câncer de pulmão), Ed imagina-se na varanda com Augusta. Ela dispara: “Only a mother could love you.” Cortina. É o carimbo psíquico que o perseguiu: amor-condicional-que-feriu, a “Rosebud” da temporada.
-
Pós-créditos espirituais: A série ainda ecoa Gein “olhando” o próprio legado pop — a iconografia de Leatherface encerra a história. Não é um troféu; é um assombro cultural.
Qual o significado de Monstro: A História de Ed Gein
-
Monstros nascem ou são feitos? A temporada responde: ambos. Há doença mental (diagnóstico de esquizofrenia), abuso materno e isolamento — e há escolhas brutais com vítimas reais.
-
Quem alimenta o monstro? A montagem meta acusa nossa fome por true crime: mídia, indústria e público integram a cadeia. O show provoca: consumir também é participar.
-
Fantasia como anestesia: O “Ed que ajuda o FBI” é um autoengano terminal — ele tenta reescrever a si mesmo como herói para amortecer a culpa e a dor.
Ed realmente ajuda o FBI a pegar Ted Bundy?
Na série, isso é alucinação de leito. Serve para contrastar Gein (transtornado, “explicável” pela série) com Bundy (apresentado como “mal puro”), e para refletir sobre como queremos narrativas de redenção até quando não cabem.
O que significa “Only a mother could love you”?
É o ciclo de abuso em seis palavras: o amor como faca. Para Ed, a validação materna vira torniquete identitário. A frase final sela a tese: Augusta molda o buraco que ele tenta preencher com fantasias, objetos e controle — e nunca consegue.
Ed é romantizado? A série “passa pano”?
A temporada humaniza sem inocentar — e cutuca o espectador sobre o custo de humanizar monstros quando as vítimas (mulheres, sobretudo) viram figurantes de sofrimento. O desconforto é intencional: se doeu, a crítica à fetichização funcionou.
Adeline é real ou invenção?
A série admite a zona cinzenta (há base real, mas testemunhos conflitantes). Dramaturgicamente, Adeline opera como espelho e gatilho: seja pessoa ou projeção, ajuda a mostrar como imagens/ideias corroem. O “talvez” é parte do comentário sobre memória e mito.
Qual o diagnóstico de Ed e por que importa no final?
Esquizofrenia. A cena de consulta organiza sua experiência de realidade fragmentada: vozes, delírios, lacunas. Não é desculpa — é contexto clínico que a série usa para perguntar: e se houvesse tratamento antes? (e para lembrar que políticas públicas definem destinos).
Conexões com o cinema de terror
-
Psycho (1960): Norman Bates e a mãe — hélice temática direta.
-
O Massacre da Serra Elétrica (1974): a pele como mobiliário e o choque documental.
-
O Silêncio dos Inocentes (1991): a lógica de “vestir” o feminino, recontextualizada pela série ao diferenciar isso de identidade trans.
Onde assistir “Monstro: A História de Ed Gein”?
Netflix (temporada de 2025).
Em uma frase
Não é só a história de um assassino — é a história de como a gente transforma horror em espetáculo e, de tabela, se olha no espelho.
e é isso.

