Quer saber o que acontece no final de Nós, o impactante terror dirigido por Jordan Peele que está disponível no streaming? A obra mistura horror, crítica social e uma virada de cair o queixo, consolidando Peele como um dos autores mais afiados do cinema contemporâneo.
Depois de Corra!, Peele voltou com um filme que parece simples à primeira vista — uma família sendo atacada por seus próprios clones — mas que, no fundo, escancara desigualdades sociais com a sutileza de um golpe de martelo.
Sinopse de Nós
Nós acompanha Adelaide (Lupita Nyong’o), uma mulher traumatizada por um encontro misterioso na infância durante uma visita à praia de Santa Cruz. Agora adulta, ela viaja com o marido e os filhos para o mesmo local, mas logo percebe que algo está errado. Uma família idêntica à sua aparece à noite e invade sua casa.
Esses sósias — chamados de Os Tethered — não são apenas cópias físicas. Eles são versões distorcidas, violentas e silenciosas dos humanos da superfície, vindos de um projeto secreto abandonado pelo governo. E agora, eles querem retomar o que lhes foi negado: liberdade.
Final explicado Nós: O que acontece no final do filme?
Vamos lá.
No terceiro ato, Adelaide enfrenta Red, sua sósia, em um duelo dentro de um labirinto subterrâneo — o mesmo local onde, décadas antes, ela havia se encontrado com essa versão de si mesma.
Red revela que os Tethered foram criados como experimento governamental para controlar os humanos da superfície, mas foram abandonados e condenados a viver como sombras, imitando seus pares de cima sem nunca ter livre arbítrio.
Adelaide mata Red e resgata seu filho Jason. Mas aí vem a grande virada: flashbacks revelam que a verdadeira Adelaide foi, na verdade, Red desde o começo. Sim, a menina que subiu à superfície após o encontro no espelho não era a original, mas a clone. A verdadeira Adelaide foi deixada acorrentada no subsolo e virou Red.
Ou seja: a protagonista que acompanhamos o filme inteiro é, na verdade, uma Tethered que usurpou a vida da sua original.
Qual o significado de Nós?
Jordan Peele usa os Tethered como metáfora poderosa da desigualdade social. Eles vivem nos bastidores do sistema, sobrevivendo com migalhas (ou coelhos crus), privados de educação, cultura e dignidade — enquanto os “de cima” vivem confortavelmente, ignorando quem está à margem.
O título Nós (Us, em inglês) pode ser lido também como U.S. (Estados Unidos), sugerindo que a verdadeira ameaça vem de dentro da própria sociedade americana. O filme pergunta: quantas das nossas conquistas são sustentadas pelo sofrimento de quem está invisível?
Jason sabia da verdade?
Talvez sim.
No final, Jason observa a mãe com estranheza — e ela, percebendo, apenas sorri. É uma cena carregada de ambiguidade. Ele viu quem ela realmente é? E, mais importante: isso muda alguma coisa? Para ele, ela ainda é sua mãe. Mas para nós, o público, essa dúvida se instala como um último susto — psicológico e moral.
Qual é a mensagem de Nós?
Peele deixa claro: o monstro somos nós mesmos. A sociedade constrói muros, empurra os “diferentes” para baixo da escada e finge que está tudo bem. Mas basta uma falha — ou uma troca — para que os papéis se invertam. E quando isso acontece, ninguém está seguro.
A imagem final dos Tethered de mãos dadas, formando uma corrente humana por todo o país, é uma paródia do evento “Hands Across America”, mas aqui usada como protesto, não como caridade. Não é sobre pedir ajuda. É sobre tomar o que é seu.
E é isso.
Nós está disponível na Netflix e vai além do susto: ele te persegue depois que os créditos sobem — e olha que não é por causa dos coelhos.

