Lançamento Avatar: Fogo e Cinzas: grandioso, caro e… vazio? A saga de Pandora pega fogo, mas continua sem alma

James Cameron está de volta com mais uma megaprodução azul — e, não, não estamos falando de um novo Smurf gigante. Avatar: Fogo e Cinzas é o terceiro capítulo da franquia que insiste em ser o maior espetáculo da Terra, mesmo que muitas vezes se pareça com um screensaver de luxo.

Com três horas de batalhas, pixels e mitologia ecológica cada vez mais inflada, o filme tenta compensar sua falta de coração com muitos vulcões, romances esquisitos e criaturas digitais. Mas será que entrega mais do que um banho de efeitos visuais? Ou é só mais uma pirotecnia emocionalmente estéril?


Qual é a história?

Um ano após a tragédia de O Caminho da Água, Jake Sully (Sam Worthington) e Neytiri (Zoe Saldaña) tentam reconstruir a vida com o clã Metkayina. Mas o luto por Neteyam pesa — e a paz logo vira cinzas com a chegada de uma nova tribo: o Povo das Cinzas, liderado por Varang (Oona Chaplin), uma Na’vi radicalizada que vive entre vulcões e lava.

Do outro lado do conflito, quem ressurge das cinzas é o eterno vilão Quaritch (Stephen Lang), agora em modo “avatar militar zumbi”. Adivinha? Ele quer vingança. E a aliança com Varang forma um eixo do mal pronto para incendiar Pandora — e nossa paciência com esse universo que parece tão rico, mas tão raso.


‍♂️ Visualmente deslumbrante… e só?

É impossível negar: Cameron ainda sabe como ninguém construir mundos digitais. A lava flui, os vulcões fumegam, os Na’vi pulam com a leveza de um Cirque du Soleil alienígena — tudo com a precisão cirúrgica da Weta FX. Mas, como já diria um sábio da internet: “só visual bonito não sustenta trama”.

A estética impressiona, mas em certos momentos parece uma demo de PlayStation 10, com aquela suavidade artificial que lembra making of com muito filtro. As cenas dramáticas, quando humanas reais aparecem, parecem colagens feitas no Paint. E o 3D? Ainda estão empurrando, mas a mágica já se foi há uns dois filmes.


Varang: a vilã que queria ser bruxa sexy

A melhor adição do filme é Oona Chaplin como Varang — uma mistura de sacerdotisa guerreira com energia de “ex do mal em novela das nove”. Seu visual é incrível, sua presença imponente, e ela até protagoniza uma cena pós-sexo com Quaritch (sim, isso acontece). Mas mesmo ela parece perdida num roteiro que quer dizer muito e acaba dizendo quase nada.


Família, luto e… nada de novo

Jake continua um líder dividido entre ser pai de família e líder de guerra, Neytiri ainda sofre calada e Lo’ak (Britain Dalton) agora narra tudo com voz de quem tem um canal no YouTube sobre autoajuda para adolescentes Na’vi. Há tentativas de discutir temas como perda, legado e responsabilidade, mas tudo é soterrado por explosões e discursos previsíveis.


O roteiro é o verdadeiro vilão

Com cinco roteiristas no total, Fogo e Cinzas tropeça no excesso de lore. Cada fala parece saída de uma wikipédia intergaláctica. E o mais frustrante: o filme termina no mesmo lugar em que começou. Parece prólogo do próximo. E como ainda teremos Avatar 4 e 5, prepare-se para mais dez horas de mitologia diluída em CGI.


Atuações: perdidas no Pandora verso

  • Sam Worthington segue esquecível.

  • Zoe Saldaña faz o que pode com diálogos que dariam vergonha em Malhação: Interplanetária.

  • Stephen Lang repete seu vilão com menos carisma que o próprio bigode.

  • Chaplin e Kate Winslet mereciam mais tempo e melhores cenas.

  • Edie Falco parece estar em outro filme (e talvez esteja mesmo, emocionalmente).


Veredito: Vale a pena assistir Avatar: Fogo e Cinzas?

Se você é fã incondicional do universo de Pandora, vai se deliciar com cada criatura nova, cada paisagem vulcânica e cada sequência de ação digna de Oscar técnico. Mas se você quer emoção genuína, evolução de personagens e uma história que vá além do espetáculo… pode sair decepcionado.


Nota David: 6.4/10
Um filme que grita, explode e brilha, mas raramente toca. É lindo como um pôr do sol em 4K… e tão envolvente quanto uma tela de descanso.