O Garoto Dourado Que Não Sabia O Que Queria Ser Quando Crescesse
Em 1997, Leonardo DiCaprio completou sua metamorfose de galã adolescente para… bem, um galã adolescente AINDA MAIOR, graças ao lançamento de Titanic, aquele tijolão de três horas de James Cameron que todo mundo fingiu não ter chorado assistindo.
Antes de Cameron escalá-lo para o filme mais bombástico da história do cinema, Leo já estava colado nas paredes dos quartos de adolescentes do mundo inteiro. O culpado? Sua performance visceral em Romeu + Julieta (1996) de Baz Luhrmann, que teve a sacada genial (ou questionável, você decide) de transportar Shakespeare para Verona Beach, Califórnia. Porque nada grita “tragédia renascentista” como palmeiras e pistolas, certo?
Mas foi Titanic que fez o astro de cabelo bagunçado explodir como uma supernova. Em poucos meses, estavam oferecendo US$ 20 milhões para ele estrelar a adaptação de um romance polêmico de 1991: Psicopata Americano, de Bret Easton Ellis.
Quando Leo Quase Virou Patrick Bateman (E Hollywood Teve um Infarto Coletivo)
Imagina o choque: DiCaprio, com aquela cara de anjo e um exército de fãs apaixonadas, considerando interpretar um yuppie serial killer numa sátira sangrenta dos anos 1980. Hollywood quase teve um AVC coletivo.
Em maio de 1998, o anúncio veio: Leo estava dentro.
A diretora Mary Harron? Fora de si. Ela sabia que o rosto infantil de DiCaprio estava completamente errado para o papel, e que sua base de fãs adolescentes seria a pior audiência possível para aquele material perturbador. Harron tinha seu ator ideal: um desconhecido chamado Christian Bale. Quando o estúdio vetou, ela caiu fora do projeto.
Com Harron fora, DiCaprio desenvolveu o roteiro com Oliver Stone por um tempo. Mas então Gloria Steinem, ícone feminista, entrou em cena. Ela criticava ferozmente o romance de Ellis e alertou Leo: fazer esse filme mandaria a mensagem errada para suas fãs. E ela estava absolutamente certa.
No fim, DiCaprio recuou. Harron e Bale, que pacientemente esperaram o menino prodígio recuperar o juízo, voltaram e criaram o clássico cult que conhecemos hoje.
A Vez Que Leo Escolheu Titanic em Vez de Boogie Nights (E Se Arrependeu Pro Resto da Vida)
Esse momento bizarro na carreira de DiCaprio foi uma das raras vezes em que ele pareceu completamente perdido sobre quem queria ser como ator.
Anos antes, Paul Thomas Anderson havia enviado o roteiro de Boogie Nights para Leo, impressionado com sua atuação em Diário de um Adolescente (1995). DiCaprio leu, amou… mas foi colocado numa encruzilhada impossível: Boogie Nights ou Titanic. Mas não os dois.
Claro que ele escolheu se tornar o rei do mundo. Recomendou Mark Wahlberg para o papel de Dirk Diggler e partiu para o navio mais famoso da história. Anos depois, Leo confessou: rejeitar Boogie Nights foi seu maior arrependimento profissional.
Justo? Talvez. Mas sejamos honestos: DiCaprio, que parecia ter 16 anos naquela época, interpretando um astro pornô bem-dotado no épico scorsesiano de Anderson? Difícil visualizar.
A Trilogia do Terror: Quando Leo Escolheu TUDO Errado
Depois de deixar dois futuros clássicos escaparem pelos dedos (American Psycho e Boogie Nights), os filmes que DiCaprio realmente escolheu viraram alguns dos únicos fracassos de sua carreira:
- O Homem da Máscara de Ferro (1998) – Aventura genérica com Leo fazendo dois papéis medíocres
- Celebrity (1998) de Woody Allen – Esquecível até pelo próprio Woody
- A Praia (2000) de Danny Boyle – O desastre que quase matou sua carreira
Essa “trifeta da desgraça” não é exatamente algo que alguém gostaria de celebrar no currículo. Após a recepção decepcionante de A Praia, o jovem astro confuso desapareceu dos holofotes por dois anos para reavaliar sua carreira nascente.
O Recomeço: Como DiCaprio Ressuscitou (Spoiler: Scorsese Salvou Sua Vida)
Foi só quando Martin Scorsese entrou em cena com Gangues de Nova York (2002) que Leo finalmente encontrou seu caminho. Mas isso é história para outro artigo.
A moral? Até os escolhidos cometem erros monumentais. A diferença é que DiCaprio teve a humildade (e sorte) de perceber isso antes que fosse tarde demais.
E agradeça aos céus que Christian Bale ficou com Patrick Bateman. Porque aquele papel nas mãos de Leo? Seria um desastre digno do iceberg do Titanic.

