lynne ramsay

Lynne Ramsay fala sobre depressão após You Were Never Really Here, elogia Joaquin Phoenix (“totalmente aterrorizante”) e prepara novo filme em Glasgow

A mente brilhante (e atormentada) de Lynne Ramsay volta a criar

Depois de conquistar Cannes e abalar corações com We Need to Talk About Kevin e You Were Never Really Here, a cineasta Lynne Ramsay parece pronta para revisitar suas origens — tanto emocionais quanto geográficas.

Durante um bate-papo no BFI London Film Festival, a diretora escocesa revelou que está desenvolvendo um novo longa ambientado em Glasgow, sua cidade natal. O projeto ainda está em estágio inicial (“modo treatment”, como ela descreveu), mas o entusiasmo é palpável.

“Já escrevi algo”, disse Ramsay, rindo. “Não vou dar detalhes. Talvez seja uma sequência de Ratcatcher, chamada Roadkillers.”

(*Nota: se isso for piada, que continue sendo — porque o mundo não está preparado para um Ratcatcher 2: O Retorno do Lixo Existencial.)


“Foi devastador. Achei que nunca mais faria um filme”

Entre risadas e ironias, Ramsay também abriu o coração sobre um período sombrio de sua carreira — o pós-You Were Never Really Here (2017), estrelado por Joaquin Phoenix.
O longa, que venceu prêmios de direção e atuação em Cannes, nasceu de uma tempestade criativa e emocional que quase a fez desistir do cinema.

“Eu fiquei muito deprimida. Achei que nunca mais faria outro filme”, confessou.

Segundo a diretora, a pressão de entregar algo “grandioso” para Cannes e a interferência de financiadores tornaram o processo quase insuportável.

“Um dos investidores me disse: ‘Isso está uma m*rda, mas o Joaquin está bem.’ Foi destruidor. Cortei o filme até o osso, achando que iam cancelar tudo.”


Joaquin Phoenix: “Ele é uma fera. Totalmente aterrorizante.”

Ramsay também relembrou os bastidores ao lado de Joaquin Phoenix, que ela descreveu como “o ator mais excitante e imprevisível com quem já trabalhou”.

“Ele é uma fera. Totalmente aterrorizante”, brincou. “Quando o conheci, fiz uma pergunta idiota: ‘Você é destro ou canhoto?’ E ele só me olhou. Eu pensei: pronto, vou morrer.”

Phoenix, segundo ela, é do tipo que ignora o roteiro, a marcação de cena e até a gravidade — literalmente.

“Ele nunca fazia a mesma coisa duas vezes. Em uma tomada, ele simplesmente caiu da escada. Todo mundo correu achando que ele tinha se machucado, e ele só disse: ‘Quis ver se funcionava.’”

Apesar do caos, Ramsay diz que trabalhar com ele foi transformador:

“Nunca conheci alguém tão comprometido com o processo. Ele odeia todo o ‘parafarnália de Hollywood’. Só quer filmar, viver o personagem. É inspirador.”


A depressão, o renascimento e Die My Love

Após o abalo emocional de You Were Never Really Here, Ramsay levou anos até voltar à direção. O resultado desse retorno é “Die My Love”, estrelado por Jennifer Lawrence e Robert Pattinson, que chega aos cinemas em 7 de novembro.

Descrito pelo The Playlist como “brutal, íntimo e quase alucinatório”, o filme marca o reencontro da diretora com temas que a definem: maternidade, desespero e isolamento — mas com uma nova camada de vulnerabilidade.

“Eu precisei passar pelo inferno para redescobrir o prazer de filmar”, disse Ramsay.


O que vem aí: Glasgow, caos e esperança

O próximo projeto de Ramsay — ainda sem título — se passará em Glasgow, cidade que moldou seu olhar cinematográfico desde Ratcatcher (1999).
Embora a diretora tenha se recusado a revelar a trama, fãs e críticos já especulam que será mais um mergulho na melancolia urbana, com personagens presos entre o concreto e a consciência.

“É algo pessoal, sombrio e, claro, um pouco louco”, sugeriu uma fonte do The Playlist.


Conclusão

Lynne Ramsay continua sendo uma das vozes mais intensas e imprevisíveis do cinema contemporâneo.
Ela já filmou a maternidade como horror, o trauma como poesia e a violência como catarse. Agora, parece pronta para transformar a própria dor em arte — de novo.

E se o mundo ainda não está preparado para o próximo filme dela?
Problema do mundo.