Ah, Hollywood, esse lugar mágico onde uma sequência de filmes ruins vale mais que um MBA em frustração. Richard Gere, o galã que já foi símbolo sexual, herói de uniforme e gigolô com alma poética, soube disso do pior jeito possível. E com direito a uma epifania digna de roteiro da HBO: “Você não é mais bilheteria, parceiro. Você tá ferrado.”
Sim, essas palavras saíram da própria boca de Gere, em entrevista ao Far Out Magazine, ao relembrar o momento em que percebeu que sua carreira tinha descido a ladeira e atropelado a dignidade no processo.
O galã caiu. E feio.
Depois de um início arrasador com Gigolô Americano (1980) e A Força do Destino (1982), Gere virou o crush internacional com olhar de “sei seus segredos, mas também cozinho bem”. Só que o romance com o público durou pouco. Entre 1984 e 1988, ele emplacou uma sequência de filmes que fizeram o público perguntar: “Cadê o Gere que a gente amava?”
The Cotton Club, King David, No Mercy, Power, Miles From Home… se você não viu nenhum, não se preocupe. Ninguém viu. E enquanto os críticos bocejavam e os estúdios contavam prejuízos, Richard olhava para o horizonte com um leve cheiro de fracasso no ar.
Foi aí que veio o tal momento de lucidez brutal: “Você tá ferrado.” E ele quase acreditou nisso — cogitou largar tudo. Sumir. Virar monge. Abrir um food truck de tofu.
Plot twist: o fracasso virou combustível
Mas Gere, como todo bom protagonista de filme dos anos 90, decidiu dar a volta por cima com estilo. Em vez de fugir, resolveu enfrentar a selva hollywoodiana com estratégia — algo que, até então, parecia tão distante pra ele quanto um Oscar pra Adam Sandler.
“Esse ano vou fazer três filmes seguidos. Os melhores que eu puder encontrar. Dane-se a arte, quero sucesso”, contou ele ao Far Out Magazine. O primeiro foi Internal Affairs, que até foi bem nas bilheterias. Mas o segundo… ah, o segundo!
Pretty Woman. Sim, o clássico das comédias românticas que Gere nem queria fazer (“eu não tinha a menor vontade de participar disso”, confessou). Resultado? Quase meio bilhão de dólares em bilheteria mundial. Julia Roberts virou a nova queridinha da América. E Gere? Saiu do coma cinematográfico direto pro topo das paradas.
Ele nem precisou do terceiro filme. “Parei nos dois. Já tava bom”, disse ele, com um sorriso que cheira a contrato renovado e champanhe caro.
Resumo da ópera: Gere caiu, ouviu desaforo, levantou e esfregou sucesso na cara de todo mundo
A história de Richard Gere é uma daquelas que Hollywood adora contar — e que o público adora assistir: o herói desacreditado que desafia a lógica e dá a volta por cima. Ele saiu do limbo artístico com uma rom-com improvável e, no processo, ensinou uma lição importante: quando alguém disser que você tá ferrado, agradeça — pode ser o roteiro da sua próxima reviravolta milionária.

