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Mr. Church (2016) | Onde Assistir ao Drama Que Mostra Eddie Murphy no Papel Mais Humano da Carreira

Eddie Murphy sem piadas, sem caretas e sem risadas enlatadas? Sim, e o resultado é surpreendente. Em Mr. Church, o ator conhecido por Um Tira da Pesada e O Professor Aloprado entrega uma atuação contida, melancólica e profundamente humana — e prova que sabe emocionar quando o roteiro dá espaço. O filme, dirigido por Bruce Beresford (Conduzindo Miss Daisy), está disponível para streaming tanto na Netflix quanto no Prime Video, e é uma boa pedida para quem quer ver Murphy longe da comédia e perto do coração.


Onde assistir Mr. Church?

  • Netflix – disponível com dublagem e legendas em português.

  • Prime Video – incluso no catálogo ou para aluguel em algumas regiões.
    Se você ainda associa Murphy a risadas, esse é o filme que quebra o estereótipo e mostra um artista mais maduro, silencioso e dolorosamente gentil.


Sobre o que é o filme?

Baseado em uma história real escrita por Susan McMartin, Mr. Church acompanha Charlie Brooks (Britt Robertson), uma garota que cresce sob os cuidados de um cozinheiro misterioso, o Sr. Church (Eddie Murphy). Ele é contratado para cozinhar para sua mãe doente (Natascha McElhone) por apenas seis meses — tempo que os médicos previam de vida para ela. Mas o vínculo que nasce entre os três dura décadas.

Church se torna muito mais do que um empregado: ele vira mentor, figura paterna e guardião emocional de Charlie, acompanhando sua infância, juventude e maternidade. Ao longo dos anos, segredos, perdas e reconciliações se acumulam em torno da figura silenciosa desse homem que cozinha como quem ora — e vive como quem esconde o próprio passado.

Elenco de Mr. Church — Quem é quem no drama emocionante

Uma das maiores forças de Mr. Church está justamente em seu elenco, que entrega performances sinceras e cheias de humanidade. Mesmo quando o roteiro escorrega para o melodrama, são os atores que mantêm o filme de pé — especialmente a dupla central.

Eddie Murphy — Henry Joseph Church

Murphy surpreende desde a primeira cena. Nada de caretas, vozes engraçadas ou explosões cômicas. Aqui, ele entrega seu trabalho mais contido em décadas, construindo um homem enigmático que fala pouco, observa muito e cozinha como quem cura feridas. É uma atuação feita de silêncios — e exatamente por isso, tão poderosa.

Britt Robertson — Charlie Brooks

É ela quem narra a história e quem sustenta o arco emocional. Robertson traz carisma juvenil, energia caótica e uma sinceridade que se mantém forte mesmo nos momentos mais sentimentais. A química dela com Murphy é essencial para o filme funcionar — e funciona bem.

Natascha McElhone — Marie Brooks

Como a mãe doente de Charlie, McElhone entrega doçura e tristeza na medida certa. Ela é o ponto de partida para tudo e, ainda que tenha menos tempo de tela, sua presença dita o tom de vulnerabilidade que ecoa ao longo do filme.

Xavier Samuel — Owen

Owen é o interesse amoroso que aparece na fase adulta de Charlie — e Samuel trabalha bem o charme desajeitado que o papel pede. Sua função é trazer leveza e uma possível saída emocional para a protagonista.

Lucy Fry — Poppy

Fry interpreta uma das amigas icônicas da juventude de Charlie. Sua presença é rápida, mas marcante, ajudando a construir o contexto emocional e social da protagonista.

Christian Madsen — Larson

Madsen vive o antigo amigo de infância que reaparece num momento crucial — e sua atuação é simples, honesta e cheia de humanidade. Larson funciona como contraste entre os homens da vida de Charlie: imperfeitos, mas presentes.

Mckenna Grace — Izzy Brooks

Em mais uma performance brilhante (porque Mckenna Grace nunca erra), ela interpreta a filha de Charlie. Apesar da pouca idade na época da gravação, carrega naturalidade e afeto, funcionando como ponte emocional entre gerações.


Review – Eddie Murphy deixa o humor e serve emoção em prato cheio

Mr. Church é o tipo de filme que parece ter saído de outro tempo — e talvez por isso tenha dividido tanto o público. É um drama à moda antiga, com trilha doce, fotografia cálida e moral de fábula, embalado por uma nostalgia que se confunde com ingenuidade. Bruce Beresford, que já havia explorado relações interraciais e de classe em Conduzindo Miss Daisy, repete o formato aqui: um homem negro refinado e discreto transforma a vida de uma família branca, e vice-versa. O problema é que, em 2016, essa fórmula já soava datada.

Ainda assim, há algo de profundamente sincero no filme. O roteiro de Susan McMartin, baseado em sua própria história, evita o cinismo contemporâneo. Em vez disso, aposta no poder da ternura e da gratidão. A relação entre Charlie e Mr. Church é construída aos poucos, sem explosões nem grandes conflitos, e o que poderia ser piegas acaba funcionando como um tributo à bondade silenciosa — um valor quase esquecido no cinema moderno.

Eddie Murphy é o coração do filme. Em seu retorno às telas após quatro anos, ele troca o riso pelo olhar contido. Seu Mr. Church é uma fortaleza de compostura: educado, reservado, mas com um peso evidente nos olhos. Murphy interpreta a gentileza como resistência — e isso dá ao personagem uma nobreza trágica. É uma performance sem truques, sustentada por gestos pequenos: o modo como ele segura uma panela, como desvia o olhar, como se cala diante de uma ofensa. Há algo de Chaplin na forma como comunica tanto com tão pouco.

Britt Robertson, por sua vez, dá ao filme a energia da juventude e a inocência necessária para equilibrar a sobriedade de Murphy. Sua narração, ainda que melodramática, carrega emoção genuína, especialmente nas cenas finais, quando ela descobre que o homem que a criou também carregava seus próprios segredos e solidões.

Mr. Church não é um grande filme — é previsível, idealizado e por vezes sentimental demais. Mas tem alma. E num tempo em que dramas costumam buscar o choque ou a ironia, há algo corajoso em simplesmente tentar ser bonito. Eddie Murphy prova que pode emocionar tanto quanto fazer rir. E, honestamente, vê-lo cozinhar panquecas enquanto conserta corações já vale o ingresso.


Vale a pena assistir?

Sim, se você quer ver Eddie Murphy num papel comovente, sem caricaturas.
Não, se você tem alergia a melodrama ou espera um filme mais “realista”.
Talvez, se você acredita que gentileza ainda pode ser emocionante.