Quando Tarantino e Spielberg Trabalharam Juntos (Sim, Isso Aconteceu — e Foi Num Videogame Bizarro)

Spielberg + Tarantino: o crossover que ninguém pediu (nem lembra que existiu)

Em um multiverso cinematográfico onde Pulp Fiction perde o Oscar pra Forrest Gump e Grindhouse morre antes do intervalo, há um momento ainda mais insano na carreira de Quentin Tarantino: ele atuando sob a direção de Steven Spielberg.
Sim, atuando.
E pior: num videogame educativo de 1996.

O projeto atendia pelo nome de Steven Spielberg’s Director’s Chair, um simulador de cinema que prometia ensinar os segredos de Hollywood — tipo um The Sims para cinéfilos com disquete. Spielberg dirigia as cenas em live-action, e quem aparecia gritando dentro de uma cela de prisão?
Ele mesmo: Quentin “Ator de Método Sem Método” Tarantino.


O dia em que Tarantino gritou em uma cela e Spielberg achou uma boa ideia

Na cena, Tarantino acorda aos berros, suando, cercado por paredes cinzentas e um pôster de Cães de Aluguel estrategicamente enquadrado. Ele começa um monólogo sobre… óleo de coco e o cheiro de cabelo queimado.
Depois disso, ele grita de novo.
E mais uma vez.
E aí tenta atuar.

Era pra ser intenso, mas parece um teste de elenco do Show do Milhão depois de um surto psicótico.

O “personagem” dele era um condenado no corredor da morte — algo que, convenhamos, combina com a forma como ele assassina a sutileza quando atua. Spielberg, o homem que fez E.T., Tubarão e A Lista de Schindler, aparentemente olhou pra isso e pensou:

“Sim, perfeito. Corta!”


O contexto: quando Hollywood achava que CD-ROM era o futuro do cinema

Nos anos 90, a indústria estava convencida de que jogos em vídeo com atores reais eram o próximo passo da arte.
Night Trap, Phantasmagoria e, claro, Director’s Chair.
A ideia era fazer o jogador “aprender a dirigir filmes” — com Spielberg como tutor e Tarantino como… bom, um aviso de que não é todo diretor que deveria atuar.

O jogo foi lançado e esquecido tão rápido quanto um VHS de Waterworld. Hoje, é uma relíquia digital, tipo achar um email do Orkut.

Mas, tecnicamente, esse foi o único trabalho colaborativo entre Tarantino e Spielberg. Um encontro de mentes brilhantes… e uma atuação que faria Tommy Wiseau parecer Daniel Day-Lewis.


Entre admiração e terapia de ego

Tarantino idolatra Spielberg. Chamou Tubarão de “uma das maiores obras já feitas” e, segundo relatos, recebeu conselhos do mestre após perder tudo no Oscar pra Forrest Gump. Spielberg também consolou o amigo quando Grindhouse flopou — o que, olhando agora, talvez tenha sido um favor à humanidade.

Mas juntos, oficialmente, só esse delírio interativo de 1996.
Nada de Indiana Jones com diálogos sobre pés. Nenhum crossover entre E.T. e Kill Bill. Só Tarantino gritando num CD-ROM supervisionado por Spielberg, enquanto o mundo seguia em frente.


O que aprendemos com esse delírio dos anos 90

  1. Nem todo diretor precisa atuar.
    Tarantino provou que há limites até para o gênio.

  2. Spielberg é tão legal que dirigiria até um VHS amaldiçoado se chamasse “cinema”.

  3. A internet nunca esquece.
    E agora você também não vai.

Então da próxima vez que alguém disser que Spielberg e Tarantino nunca trabalharam juntos, corrija com confiança e um sorriso cínico:

“Trabalharam sim. Num jogo educativo. E foi uma merda gloriosa.”

Via FOM