Se você achava que a série Monstro da Netflix já tinha chegado no limite com Jeffrey Dahmer ou os Irmãos Menendez, segura firme: agora é a vez de Ed Gein — o açougueiro de Plainfield, inspiração direta para Norman Bates, Leatherface e Buffalo Bill. Só que ao invés de entregar um estudo sobre a gênese do mal, Ryan Murphy decidiu fazer… um circo. Com neon. E sangue.
️ Sobre o que é Monstro: A História de Ed Gein?
A minissérie da vez mergulha na vida (e nos hábitos mortais) de Ed Gein, um dos serial killers mais perturbadores da história americana — embora tecnicamente ele tenha matado apenas duas pessoas. O problema é que, entre uma desenterrada de cadáver e outra, ele decidiu mobiliar a casa com partes humanas. Abajur de pele, tigela de crânio, roupas feitas de seios femininos. Sim, isso está tudo na série. E filmado com uma estética que parece saída de um editorial da Vogue Necropsia.
Charlie Hunnam interpreta Gein como um misto de criança assustada, vilão de desenho animado e cantor de musical sombrio. E o roteiro ainda tem tempo para inserir Alfred Hitchcock (Tom Hollander), Anthony Perkins e até Ilse Koch, a “Cadela de Buchenwald”, numa subtrama nazista que mistura história real, especulação e puro fetiche por depravação.
Para quem é?
Se você gosta de American Horror Story versão “baseado em fatos reais”, com muito sangue, nudez gratuita e zero intenção de discutir o trauma com profundidade, bingo: seu novo vício chegou. Agora, se você ainda tem algum resquício de empatia por vítimas reais ou espera algum tipo de reflexão sobre violência, talvez seja melhor passar longe.
Quem está no elenco?
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Charlie Hunnam entrega uma atuação que parece querer ser perturbadora, mas que escorrega no bizarro caricato.
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Laurie Metcalf como a mãe de Gein é aterrorizante, mas num tom que parece mais sátira do que drama.
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Suzanna Son vive Adeline, a amiga/namorada que introduz Gein ao universo dos quadrinhos nazistas (sim, você leu certo).
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Vicky Krieps interpreta Ilse Koch com o mesmo nível de glamour e crueldade que um filme da Sofia Coppola dirigido pelo Rob Zombie.
♂️ Estética de horror chic: sangue com filtro do Instagram
A série é lindamente filmada, com cenas que beiram o onírico — o que só piora o gosto duvidoso de transformar violência grotesca em espetáculo visual. A famosa cena do chuveiro de Psicose é reencenada… com nudez, penetração e mutilação. Porque aparentemente, 2025 é o ano do “e se a gente mostrasse TUDO?”. Spoiler: não precisava.
Mas tem alguma profundidade?
Não. A série flerta com discussões sobre trauma, repressão sexual, saúde mental e cultura da violência… mas só até onde dá pra postar um clipe chocante no TikTok. No final, Monstro: A História de Ed Gein quer provocar, mas sem refletir. Quer chocar, mas sem contextualizar. É uma produção que veste a pele do horror psicológico, mas por dentro é puro vazio.
Veredicto: Monstro é entretenimento ou exploração?
É entretenimento, sim. Do tipo mais barato. É um daqueles casos em que a forma supera completamente o conteúdo — e isso num projeto baseado em assassinatos reais é, no mínimo, preocupante. Você sai da série se sentindo… sujo. E não no bom sentido que um bom thriller provoca. No sentido “acabei de assistir algo que devia estar guardado num arquivo do FBI”.
Onde assistir Monstro: A História de Ed Gein?
Disponível na Netflix. E, se o padrão se mantiver, vai estar no Top 10 Global até semana que vem, entre um Emily em Paris e um doc sobre pandas.

