Scarlett Johansson vai lutar por sua vida contra o Pazuzu em novo Exorcista

Scarlett x Pazuzu: o padre agora é Mike Flanagan

Se você sentiu um cheirinho de necromancia de franquia no ar, não era só incenso queimando: Mike Flanagan foi oficialmente convocado pra tentar expulsar todos os demônios que The Exorcist: Believer enfiou na marca. E, pra isso, Blumhouse e Universal resolveram apelar pro star power: Scarlett Johansson vai protagonizar o novo filme de O Exorcista, descrito como uma “nova visão radical” da saga.

Antes de qualquer coisa: não, isso não é sequência do filme do David Gordon Green. Universal basicamente pagou caro pra aprender aquela velha lição de terror: se você mexe com clássico sem respeito, a maldição vem na bilheteria e na crítica. Believer até fez grana (US$ 137 milhões com orçamento de US$ 30 mi), mas apanhou tanto que a tal “nova trilogia” foi cancelada junto com a paciência do público.

Agora, o plano é simples: finge que nada aconteceu, chama o cara de Hill House e dá a ele a chave da casa da Regan.


O que já sabemos do novo O Exorcista do Flanagan

O projeto ainda é sem título, mas já tem um currículo de respeito:

  • Direção, roteiro e produção: Mike Flanagan

  • Protagonista: Scarlett Johansson

  • Produtoras: Blumhouse-Atomic Monster, Morgan Creek, Universal e a Red Room Pictures do próprio Flanagan

  • Situação na franquia:

    • não é continuação de Believer

    • é uma nova história dentro do universo do original de 1973, sem amarrar cavalo no filme do Gordon Green

  • Locações: filmagens previstas em Nova York

  • Data de lançamento: era 13 de março de 2026, mas o filme foi tirado do calendário; agora é “quando der” – ou seja, quando o estúdio parar de surtar com cronograma.

Flanagan não está entrando de paraquedas: ele já é praticamente funcionário do horror premium. O cara:

  • adaptou Stephen King em Jogo Perigoso e Doutor Sono;

  • redefiniu o terror pra TV em A Maldição da Residência Hill, Missa da Meia-Noite e A Queda da Casa de Usher;

  • e ainda teve a cara de pau de transformar um prequel de Ouija, sim, o tabuleiro da Americanas, num filme realmente bom (Origin of Evil).

Se ele salvou Ouija, dá pra sonhar que salva até franquia excomungada.


“O Exorcista é um dos motivos de eu ser cineasta”

Flanagan está tratando isso como projeto de vida. Em mais de uma entrevista ele já disse que:

  • O Exorcista foi “um dos motivos” que o fizeram virar diretor;

  • é uma honra tentar algo “novo, ousado e aterrorizante” dentro desse universo;

  • e que ele vê essa chance como oportunidade de fazer “o filme mais assustador da carreira”.

Traduzindo do marketing-flanaganês:

“Se eu errar, vocês vão me massacrar. Então já que é pra sofrer, que seja geral.”

Ele também cravou que não quer apoiar tudo em nostalgia – nada de viver de replay de escadaria, padre na neblina e cabeças girando em slow motion. A ideia é homenagear o original sem virar cover band de luxo.


E a Scarlett no meio disso tudo?

Scarlett Johansson não é exatamente novata em coisa estranha – Under the Skin que o diga –, mas esse é o primeiro mergulho dela no terror possuído, raiz, com demônio gritando palavrão em latim.

Ela chega ao filme:

  • recém-saída do sucesso de Jurassic World Rebirth, que devolveu um pouco de dignidade aos dinossauros em CGI;

  • com histórico de blockbuster da Marvel e status de “segura 200 milhões de bilheteria sozinha se precisar”;

  • e com Flanagan dizendo que ela é “brilhante, sempre real, tanto em gênero quanto em blockbuster” – aí sim a puxada de saco que todo estúdio gosta de ouvir.

ScarJo nunca tinha feito o clássico papel “mãe desesperada com criança possuída” no nível Ellen Burstyn, mas vamos ser sinceros: se tem alguém com pedigree pra bater boca com padre, demônio e executivo de estúdio ao mesmo tempo, é ela.


Blumhouse, Universal e a arte de levar outra chance pra cruz

Vale lembrar como a gente chegou aqui:

  • O Exorcista de 1973 continua sendo o topo da cadeia alimentar do terror de possessão, referência até hoje;

  • o estúdio achou que seria uma boa ideia repetir a fórmula de Halloween (2018): ignorar sequências, fazer “continuação legado” com o diretor da moda (David Gordon Green);

  • o resultado foi Believer: crítica detonando, fã xingando, bilheteria ok mas muito abaixo da expectativa de quem torrou centenas de milhões em direitos e marketing;

  • trilogia planejada? Cancelada.

  • solução: reboot radical com Flanagan, nova história, novo elenco, mesmo universo, paz de espírito (com sorte).

Ou seja: Blumhouse e Universal estão naquele estágio da relação em que aceitam qualquer coisa, desde que você prometa que “não vai ser igual da última vez”.


E aí? Isso tem cara de boa ideia?

No papel, sim. Muito.

  • Flanagan entende de fé, luto, culpa e gente quebrada, que é basicamente combustível de O Exorcista desde 1973.

  • Ele já provou que consegue lidar com material sagrado (O Iluminado, Poe, Shirley Jackson, King) sem destruir o que veio antes.

  • Scarlett dá ao filme o selo “não é só mais um terror de US$ 10 milhões com adolescente desconhecido gritando no pôster”.

Vai dar certo? Não dá pra saber. Mas, pela primeira vez desde o anúncio daquela trilogia torta, a frase “novo filme de O Exorcista” não parece automaticamente uma ameaça.

Pelo menos, se tudo der errado, a culpa não vai ser do demônio. Vai ser de quem resolveu duvidar de Mike Flanagan mexendo com o filme que fez ele virar cineasta.