estreia a vida de chuck

Tom Hiddleston dança, o mundo acaba e Stephen King filosofa em A Vida de Chuck — o filme que quase emociona, mas fala demais

Prepare o lenço, o dicionário de filosofia de boteco e talvez um cafezinho forte: A Vida de Chuck, novo longa de Mike Flanagan (A Maldição da Residência Hill, Missa da Meia-Noite), é uma adaptação linda, poética e… um pouco tagarela demais. O filme quer tanto honrar Stephen King que acaba tropeçando na própria reverência. Mas calma, porque tem muita coisa boa aqui — inclusive Tom Hiddleston sapateando em meio ao apocalipse.


️ Sobre o que é A Vida de Chuck?

Baseado no conto homônimo de Com Sangue, o filme conta a história ao contrário — literalmente. Começa com o fim do mundo, segue com um contador melancólico e termina na infância de Chuck, o tal sujeito misterioso que aparece em outdoors agradecendo pelos “39 ótimos anos”. Confuso? Um pouco. Bonito? Bastante.

É quase como se Donnie Darko tivesse feito terapia, lido O Pequeno Príncipe e saído para tomar um chá com Carl Jung.


Para quem é?

Se você amou Um Sonho de Liberdade ou Conte Comigo — as outras adaptações non-horror do Tio King — esse aqui vai te fisgar pelo coração. Mas se você espera sustos ou fantasmas em corredores escuros, pode voltar pro catálogo da Netflix e rever A Maldição da Casa Bly.

E se você tem alergia a narração em off… prepare o antialérgico.


Quem está no elenco?

Tom Hiddleston (Loki) interpreta Chuck, o contador que vive sua vida como se estivesse sempre na beira de um colapso existencial (spoiler: ele está). Mas quem rouba a cena é Chiwetel Ejiofor (12 Anos de Escravidão), vivendo um professor nos momentos finais do planeta, carregando a parte mais poderosa do filme com uma performance comovente. Karen Gillan, Annalise Basso, Carl Lumbly e até Jacob Tremblay completam o elenco com dignidade e coração.

Destaque para uma sequência musical digna de Broadway, que chega do nada e te dá um abraço (ou um tapa, dependendo do seu humor).


Onde assistir A Vida de Chuck?

O filme estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 4 de setembro. Vale ver na telona pra sentir cada frame dessa ode à finitude. Streaming? Ainda não. Mas com o buzz que tá rolando, deve pintar em breve.


Veredicto: A Vida de Chuck é bom?

Sim. Quase excelente. Mas fala demais. Literalmente. Mike Flanagan parece ter ficado com medo de cortar qualquer palavra do conto original, e entrega uma narração constante (Nick Offerman faz a voz, então ao menos é gostoso de ouvir). O problema é que o filme às vezes esquece de mostrar o que está contando — e cinema, bem, é sobre isso: ver, não ouvir uma leitura dramática do Kindle.

Ainda assim, A Vida de Chuck é um belo lembrete de que há grandeza na simplicidade, que a vida é um conjunto de pequenos momentos — e que Stephen King também sabe escrever sobre o amor, a perda e a poesia da existência. Se tivesse falado um pouco menos, poderia estar ao lado dos melhores filmes já feitos sobre o autor.


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