2025 foi aquele ano em que o terror lembrou o resto do cinema de uma verdade simples: medo é a forma mais honesta de entretenimento. Você pode até fingir que não gosta, mas o coração acelera igual — seja com um celular tocando do além, uma “herança” familiar que não cabe no porta-malas da terapia, ou a Morte trabalhando em home office com foco total em produtividade.
E não: essa lista não é “os filmes mais barulhentos”. Aqui entram os que fizeram o serviço completo: atmosfera, ideia forte, direção com mão firme e aquele detalhe sórdido que gruda na sua cabeça quando você apaga a luz e pensa “por que eu fui inventar de assistir isso sozinho?”.
Critérios do Cinema de Buteco:
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terror que assusta, incomoda ou vicia (idealmente os três);
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impacto cultural/conversa do ano;
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e o teste definitivo: você recomenda pra um amigo… ou pra um inimigo?
- Pecadores estará nas listas de todos os sites. Inclusive, entrou na lista de melhores do ano. Aqui não é copia e cola.
Top 10: Melhores Filmes de Terror de 2025 (E onde assistir)
15. Fréwaka (Aislinn Clarke, 2025)
Onde assistir: não disponível
Sinopse: uma cuidadora assume um trabalho numa casa isolada, em comunidade rural, e descobre que o passado não fica quieto — ele arranha a porta do porão com unha suja de folclore e culpa coletiva.
Por que entra na lista:
Sabe aquele terror que não precisa correr atrás de você porque o lugar já te prendeu? Fréwaka é isso: uma casa velha, símbolos demais nas paredes, uma velha que parece delirar… até você perceber que, no horror irlandês, “delírio” costuma ser só o nome educado pra verdade. Aislinn Clarke mexe num caldo pesado de trauma geracional e folclore, sem virar cartão-postal “turístico” do medo. É um filme que entende que o verdadeiro jumpscare é: memória. E que a Irlanda, quando resolve fazer terror, faz com a firmeza de quem tem história sobrando pra assombrar o presente.
14. O Pranto do Mal (El llanto, Pedro Martín-Calero, 2025)
Onde assistir: disponível em HBO Max
Sinopse: mulheres em épocas diferentes são atravessadas por um mesmo tipo de perseguição — uma presença que não precisa aparecer inteira para dominar a cena.
Por que entra na lista:
Esse é o tipo de filme que não quer te dar susto: quer te deixar com a sensação de que tem algo na sala. O Pranto do Mal é horror psicológico com cara de pesadelo sofisticado: montagem que parece memória quebrada, atmosfera que te força a prestar atenção e um tema que dói mais do que morde — a ideia de que certas violências atravessam gerações porque ninguém nomeia, ninguém encara, ninguém interrompe. É um terror que funciona como “maldição” e como diagnóstico social. E Ester Expósito segura o filme com aquele olhar de quem percebeu tarde demais que “vida normal” é um contrato que o terror rasga em público.
13. Telefone Preto 2 (The Black Phone 2, Scott Derrickson, 2025)
Onde assistir: Aluguel Prime Video
Sinopse: Finney e Gwen voltam para um novo pesadelo, agora ligado a um acampamento de inverno e ao eco das primeiras vítimas do Grabber.
Por que entra na lista:
Continuação de terror costuma ter duas vocações: (1) repetir a fórmula, (2) estragar a lembrança do original. Telefone Preto 2 escolhe um terceiro caminho: amplia o sobrenatural e muda o playground do medo. Derrickson troca a “prisão” do primeiro filme por um cenário mais aberto — e faz isso sem perder o essencial: aquele terror de infância que nasce quando o mundo adulto falha em proteger. Ethan Hawke volta como presença (e ameaça) de novo, e o filme entende que a franquia não é só sobre um vilão: é sobre o que sobra depois do trauma. E, sim, ainda tem atmosfera de sobra pra você ouvir qualquer telefone tocar e pensar “eu não pedi essa ligação”.
12. Premonição 6: Laços de Sangue (Final Destination Bloodlines, Zach Lipovsky/Adam B. Stein, 2025)
Onde assistir: HBO
Sinopse: a franquia volta com a Morte fazendo o que ela faz melhor: transformar rotina em armadilha e azar em coreografia.
Por que entra na lista:
Premonição é a única série que te faz sair do cinema olhando para objetos comuns como se eles tivessem personalidade. Bloodlines entende a própria fama e transforma isso em espetáculo: não é “só” susto — é um jogo perverso de expectativa, em que você vira detetive do desastre. O charme aqui é que o filme não finge ser outra coisa: ele entrega criatividade macabra com timing de comédia ruim (no melhor sentido). E tem um peso extra com a presença de Tony Todd, que sempre foi a alma sombria dessa mitologia.
11. Extermínio: Evolução (28 Years Later, Danny Boyle, 2025)
Onde assistir: HBO
Sinopse: décadas depois, uma nova comunidade tenta sobreviver num mundo moldado pela infecção — e por escolhas humanas que sempre pioram tudo.
Por que entra na lista:
Danny Boyle e Alex Garland voltam como quem diz: “lembram quando a gente mudou o jogo do terror pós-apocalíptico? Então.” 28 Years Later não tenta só atualizar — ele quer reacender. O filme trabalha com sensação de ameaça constante, mas o que realmente assusta é o retrato de uma sociedade que reaprendeu a viver… torto. E, quando você acha que já entendeu as regras desse mundo, ele te lembra que regra é coisa de gente otimista. O resultado é terror com adrenalina, mas também com aquela melancolia que o bom horror carrega: a certeza de que o pior monstro, quase sempre, é a gente se adaptando ao horror.
10. O Macaco (The Monkey, Osgood Perkins, 2025)
Onde assistir: Prime Video
Sinopse: dois irmãos tropeçam num macaco de brinquedo “inofensivo” — e a vida vira um dominó de azar, culpa e tragédia com senso de humor bem torto.
Por que entra na lista de melhores filmes de terror de 2025:
Osgood Perkins fez Longlegs e voltou com outra energia: aqui ele troca o “terror que te hipnotiza” pelo “terror que te dá risada nervosa”. O Macaco é aquela comédia de horror que entende o prazer do público em ver a realidade desandar — só que com estilo, ritmo e um toque de “Stephen King no modo cruel”. O macaco é o tipo de objeto que você queria esquecer, mas ele não quer ser esquecido (e o filme sabe explorar isso sem virar só coleção de sustos). Resultado: divertido, perverso e bem mais inteligente do que parece no pôster.
9. The Damned (Þórður Pálsson, 2025)
Onde assistir: Aluguel Prime Video
Sinopse: numa vila pesqueira no século XIX, uma decisão moralmente horrível para “sobreviver ao inverno” vira a senha perfeita para a culpa virar assombração.
Por que entra na lista:
Esse aqui é folk horror que não grita — ele congela. The Damned é menos “susto” e mais “peso”: a sensação de que a natureza tá te julgando, e ela tem argumentos. É o tipo de filme em que o vento parece personagem, o silêncio parece ameaça e a culpa parece uma doença contagiosa. Odessa Young segura a narrativa com um rosto que já viu o pior e ainda assim precisa fingir que foi “necessário”. E quando o terror finalmente aperta, você percebe que a verdadeira maldição é bem humana: o que a gente faz quando a fome vira desculpa.
8. Serra das Almas (Lírio Ferreira, 2025)
Onde assistir: Netflix
Sinopse: um roubo de joias joga um grupo de desajustados no interior de Pernambuco, mas o que era “fuga” vira panela de pressão — e tem fantasma no retrovisor, literal ou não.
Por que entra na lista:
O Cinema de Buteco gosta quando o terror resolve falar do Brasil sem fantasia importada — e Serra das Almas faz isso com violência emocional, calor sufocante e uma sensação de país sem saída. Lírio Ferreira mistura thriller, drama e um terror que nasce do medo de estar cercado (pela geografia, pela culpa, pelas escolhas erradas). É filme de tensão que vai apertando até você perceber: aqui, o monstro não precisa de maquiagem — ele já tá na dinâmica do grupo.
7. A Longa Marcha (The Long Walk, Francis Lawrence, 2025)
Onde assistir: Aluguel Prime Video
Sinopse: numa América distópica, jovens participam de uma competição de caminhada que não permite parar. Parece simples — até você entender as regras e o que está em jogo.
Por que entrou na lista:
Esse é o terror que não precisa de susto porque ele te pega no pior lugar: resistência humana sendo explorada como espetáculo. Francis Lawrence filma como quem sabe dirigir “jogo mortal” com cara de evento nacional (ele já treinou isso), e a ideia do King/Bachman vira um pesadelo social: o público assistindo, torcendo, normalizando. O filme te deixa tenso pelo acúmulo — pela fadiga, pelo psicológico, pela inevitabilidade — e lembra que a distopia mais assustadora é a que parece plausível.
6. A Regra de Jenny Pen (The Rule of Jenny Pen, James Ashcroft, 2025)
Onde assistir: Não disponível
Sinopse: um ex-juiz vai parar num asilo e descobre que o horror não vem do envelhecimento em si — vem do colega de corredor que transforma a vida alheia num jogo de tortura psicológica.
Por que entra na lista:
Se você acha que filme de terror precisa de demônio, A Regra de Jenny Pen te lembra que um ser humano obstinado já resolve metade do pesadelo. John Lithgow vira a personificação daquela energia “eu vou acabar com seu dia — e com sua sanidade” e Geoffrey Rush responde com uma atuação que mistura orgulho ferido, vulnerabilidade e fúria tardia. O filme é incômodo porque ataca um medo muito real: perder autonomia, não ser levado a sério, ser tratado como “invisível”. É terror com cara de drama — e isso, em 2025, é elogio.
5. Acompanhante Perfeita (Companion, Drew Hancock, 2025)
Onde assistir: HBO
Sinopse: um fim de semana numa casa isolada com amigos vira inferno quando vem à tona uma revelação “tecnológica” que muda o jogo do grupo — e do espectador.
Por que entra na lista:
O filme começa parecendo “thriller de casal em cabana”, e aí vira um espelho bem cruel do nosso tempo: gente que quer controle, gente que confunde afeto com posse, e tecnologia como desculpa pra ser pior. Sophie Thatcher e Jack Quaid sustentam essa dança de charme e desconforto, e o roteiro se diverte em te deixar um passo atrás. É terror/ficção científica com veneno social e senso de entretenimento — e, sobretudo, com uma qualidade rara: ele sabe a hora de virar a mesa.
4. Heart Eyes (Josh Ruben, 2025)
Onde assistir: Paramount+
Sinopse: um assassino “temático” do Dia dos Namorados coloca dois colegas de trabalho no centro do caos — e a noite vira encontro romântico com risco trabalhista máximo.
Por que entra na lista:
Heart Eyes faz uma coisa linda e errada: mistura slasher com comédia romântica sem pedir desculpa. É o tipo de filme que entende que a ideia do amor perfeito já é assustadora — então por que não colocar uma máscara por cima e correr com uma faca metafórica (e às vezes literal)? O melhor aqui é o tom: ele te faz rir, te faz ficar tenso e, quando você percebe, tá torcendo por um casal que nasceu do pior “team building” possível. Um slasher leve, afiado e muito consciente do próprio absurdo.
3. A Hora do Mal (Weapons, Zach Cregger, 2025)
Onde assistir: HBO
Sinopse: quase toda uma turma de crianças some na mesma noite, no mesmo horário — e a cidade vira um tribunal de paranoia, culpa e teorias que pioram a cada minuto.
Por que entra na lista de melhores filmes de terror de 2025:
Zach Cregger pega a sensação de “cidade pequena + segredos grandes” e transforma em horror de escala bíblica, só que com sarcasmo existencial e direção que sabe exatamente onde apertar. Weapons funciona porque não é só mistério: é o terror de olhar pro lugar onde você mora e perceber que todo mundo parece normal… até o dia em que não parece. Julia Garner e Josh Brolin seguram o rojão com cara de quem já viu o pior do ser humano (e o pior do PTA), e o roteiro tem aquela coragem rara: não te mastiga tudo. Você sai com medo — e com assunto pra discussão de bar por duas semanas.
2. Juntos (Together, Michael Shanks, 2025)
Onde assistir: Aluguel Apple TV
Sinopse: um casal se muda pro interior buscando recomeço. O interior, claro, responde: “recomeço é meu sobrenome”. Aí entra uma força estranha que começa a mexer com o corpo — e com o vínculo — dos dois.
Por que entra na lista:
Esse aqui é Cronenberg com terapia de casal e boleto emocional atrasado. Juntos entende um medo moderno muito íntimo: a sensação de que relacionamento pode virar prisão compartilhada, e que “a gente é um só” é fofo até virar literal. Alison Brie e Dave Franco fazem do desconforto uma dança (às vezes engraçada, às vezes triste, às vezes “eu não acredito que filmaram isso”), e o filme vira uma das experiências mais originais do ano justamente por transformar romance em body-horror sem perder humanidade.
1. Faça Ela Voltar (Bring Her Back, Danny & Michael Philippou, 2025)
Onde assistir: HBO
Sinopse: dois irmãos órfãos vão parar numa casa temporária com uma tutora “acolhedora” demais — e o tipo de cuidado ali tem um preço que ninguém assinou.
Por que entra na lista:
Os Philippou (de Fale Comigo) voltam com um terror mais cruel e mais “pé no estômago”: o horror aqui não é só sobrenatural — é social, é psicológico, é a sensação de estar preso numa situação em que ninguém te escuta. Sally Hawkins entrega uma performance que parece abraço e ameaça ao mesmo tempo, e o filme cutuca um tema que o terror faz melhor que qualquer drama premiado: luto que vira obsessão. Não é o terror mais “limpo” do ano, mas é um dos mais eficazes em te deixar desconfortável do jeito certo.






