Você já passou por um date tão tenso que parecia um sequestro emocional? Agora imagine isso literalmente. É o que “Drop” entrega com gosto e uma pitada de sadismo digital, transformando memes de gato e AirDrop em ferramentas de terror psicológico.
Sob a batuta certeira de Christopher Landon (de “Happy Death Day” e “Freaky”), o filme é como um rollercoaster dos infernos que começa suave com um “olá, prazer” e termina com a protagonista decidindo se vai matar o próprio date ou assistir sua família morrer ao vivo por um aplicativo. Uma vibe casual, sabe?
Meghann Fahy vive Violet, uma mãe solo com um passado traumático, que decide voltar ao ringue dos relacionamentos. O ringue, no caso, é um restaurante de luxo suspenso sobre Chicago, cenário perfeito para o pesadelo high-tech que vai se desenrolar. O clima de “primeiro encontro” é palpável – risos nervosos, garçons inconvenientes, um pianista que parece saber demais e o terror silencioso de receber memes de desconhecidos que te mandam matar.
As ameaças chegam via “DigiDrop”, uma versão cinematograficamente conveniente do AirDrop, com o diferencial de só funcionar se o maníaco estiver a até 50 pés de distância. Resultado: todo mundo no restaurante vira suspeito. Quem está enviando essas mensagens ameaçadoras? O barman que fala demais? A influencer vestida de Elsa da Shopee? O pianista com olhar de psicólogo pós-modernista?
À medida que Violet tenta sobreviver, proteger a família à distância e manter as aparências para Henry (o surpreendentemente charmoso Brandon Sklenar), o filme transita com maestria entre suspense hitchcockiano e crítica mordaz à hiperconectividade. E sim, também é uma história de amor. Do tipo que envolve tentativas de homicídio, chantagem, e uma possível conexão emocional real se ninguém acabar morto.
O roteiro brinca com as expectativas: seria fácil cair na armadilha do “príncipe encantado salva a donzela em apuros”. Mas não aqui. Violet é quem conduz tudo – e Fahy domina a tela com uma performance de sobrevivente calejada, misto de vulnerabilidade e resistência emocional. Se a trama eventualmente exige uma boa dose de suspensão de descrença, o carisma dos protagonistas e o ritmo afiado garantem que você só perceba isso quando os créditos já estiverem rolando.
Landon, junto de nomes como o editor Ben Baudhuin e o compositor Bear McCreary, entrega um thriller com cara de blockbuster dos bons tempos: enxuto, elegante e absolutamente assistível. Não espere explicações complexas ou motivações ultra sofisticadas. “Drop” é um thriller junk food gourmetizado: saboroso, rápido e com calorias cinematográficas bem gastas.
O clímax escorrega um pouco na plausibilidade? Claro. O plano do vilão faz sentido só se você estiver muito bêbado de vinho tinto e adrenalina? Provavelmente. Mas o que importa é que, quando o filme termina, você está de pé aplaudindo não só por ter sobrevivido à montanha-russa, mas por ter curtido cada curva.
Veredito Final:
Drop é aquele encontro inesperado entre o suspense paranoico, a crítica social e o romance em chamas – tudo dentro de um restaurante chique e um raio de 50 pés. É exagerado? Sim. Realista? Nem um pouco. Mas é exatamente por isso que funciona tão bem.
Se você gostou de The Menu, Run ou Pânico em versão restaurante cinco estrelas, coloque “Drop” no topo da sua watchlist. Só cuidado com o Wi-Fi.

