ESTREIA tremembé

Tremembé no Prime Video: A prisão mais famosa do Brasil virou série — e você vai assistir se perguntando se devia estar torcendo por assassinas

Depois de uma década de documentários, livros e dramatizações sobre Suzane von Richthofen, alguém finalmente teve a coragem de perguntar: “e depois do crime?”. A resposta veio em forma de Tremembé, nova série brasileira do Prime Video que vira o jogo narrativo, tira o foco da reconstituição do horror e joga a lente sobre o que sobra: a rotina, a manipulação e o teatro social do cárcere feminino mais famoso do país.


Esqueça a cena do crime: aqui, o que importa é o que acontece depois da manchete

Logo no primeiro episódio, Suzane (numa Marina Ruy Barbosa completamente transformada) é jogada no meio de uma rebelião. E a partir dali, Tremembé deixa claro que não vai pedir desculpas por humanizar criminosas — nem vai nos deixar confortáveis com isso. Ao contrário de outras produções do gênero, aqui não há suspense sobre culpa ou inocência, porque o foco é outro: como essas mulheres sobrevivem entre si quando todas são, simultaneamente, culpadas e celebridades do submundo?


Marina Ruy Barbosa: de ruiva de novela a encarnação do desconforto nacional

Se você achava que Marina era só “atriz de look do dia”, Tremembé te obriga a engolir esse julgamento seco. Sua Suzane é milimetricamente calibrada: fria sem ser robótica, manipuladora sem exagero de vilania, estrategista até no silêncio. E a câmera de Vera Egito sabe exatamente quando deixar o espectador sozinho com aquele olhar — aquele olhar.

O elenco de apoio oscila: Carol Garcia (como Elize Matsunaga) e Bianca Comparato (como Anna Jatobá) têm bons momentos, mas o contraste com Marina às vezes é gritante. Já o Daniel Cravinhos de Felipe Simas é assustador em sua banalidade.


Tremembé é o Orange Is the New Black sem piada — e com mais Brasil do que a gente aguenta

A estrutura em cinco episódios funciona quase como uma coletânea de estudos de personagem, com cada capítulo focando em uma criminosa — e no tipo de microcosmo social que se forma num presídio onde todo mundo tem um Wikipedia dedicado ao próprio crime. O roteiro, coassinado por Ulisses Campbell, se apoia em anos de investigação jornalística real, e isso se nota: os detalhes têm cheiro de cimento quente e conversa atravessada no pátio.

Se Orange usava humor para suavizar a crítica, Tremembé opta pelo desconforto. É como um espelho sujo apontado pro nosso próprio voyeurismo: por que estamos tão obcecados por essas mulheres?


Vale a pena assistir?

Sim, mas prepare-se pra questionar seu próprio julgamento o tempo todo. Tremembé não é thriller, nem drama jurídico, nem telenovela. É um retrato cru de como o sistema carcerário transforma mulheres em lendas e lendas em moeda de poder.


Onde assistir Tremembé?

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⚖️ Veredito: 4/5

Tremembé é uma série incômoda, necessária e brilhantemente dirigida. Não quer te fazer gostar de Suzane, Elize ou Jatobá — mas te obriga a encarar que, no Brasil, até a cela é palco. E nesse palco, quem sabe manipular o script, sobrevive.